“Quem se cala, sucumbe ao torturador”, diz vítima; inscrições para Clínicas do Testemunho vão até a próxima terça-feira (30)
Com intuito de promover também a recuperação psicológica das vítimas da ditadura militar, a Comissão de Anistia da Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, criou o projeto Clínicas do Testemunho.Veja aqui o depoimento de Ivan Seixas, vítima da diturada de 1964
O programa oferecerá atenção psicológica aos anistiados e a seus familiares. Espera-se atender até 700 vítimas e familiares nos primeiros dois anos de atividade. São Paulo e Rio de Janeiro já tiveram as Conversas Públicas com o propósito de promover apresentação detalhada da metodologia de atendimento e apoio psicológico às vítimas. Quinta-feira (25) o projeto chega em Porto Alegre e sexta-feira (26) em Recife.
Torturado e preso durante 7 anos, dos 16 aos 22 anos, Ivan Seixas compareceu à primeira conversa pública realizada em São Paulo. Ele explicou a importância de garantir a voz às vítimas. “Se você não falar, você acaba sucumbindo ao torturador, porque a tortura não é só para arrancar informação é para calar”. Veja o depoimento de Ivan ao Blog do Ministério da Justiça.
As conversas contam com a participação da sociedade civil, organizações de direitos humanos, espaços e organizações ligados à saúde mental, historiadores, juristas, sociólogos e a “todos os anistiados políticos afetados direta ou indiretamente pela violência do Estado”.
A demanda por atenção psicológica às vítimas é uma antiga reivindicação da sociedade civil brasileira e a proposta de criação foi encaminhada à Comissão de Anistia por especialistas que atuam no tema.
O projeto prevê também a capacitação de profissionais e a geração de insumos técnicos especializados. Com isso, investe-se na construção de estratégias de resposta e reparação a danos que poderão ser aplicadas a outras situações e contextos, além das violências cometidas no período.
“Em meio a uma série de iniciativas de reconstrução da memória, dar a palavra aos que sofreram essa violência é um ato reparatório e político. O testemunho é um trabalho psíquico que articula a memória tanto na dimensão da experiência pessoal como coletiva”, explica o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.
Aqueles interessados em participar do projeto Clínicas do Testemunho podem obter mais informações, bem como preencher a ficha de inscrição, clicando aqui.
As inscrições foram prorrogadas até 30 de abril.
Porto Alegre – Data: 25 de abril de 2013, às 19h30
Faculdade de Educação – Av. Paulo Gama s/n – UFRGS. Prédio 12201.
Auditório Térreo, sala 101 Horário, Porto Alegre/RS
Recife – Data: 26 de abril, às 18h
Local: Museu do Homem do Nordeste. Av. 17 de agosto, s/n – Casa Forte – Recife/PE
Fonte – Blog do Ministério da Justiça