Dirigente da CTB recebe anistia por perseguição durante a ditadura

Com um pedido formal de desculpas do Estado brasileiro, o secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, João Batista Lemos, recebeu nesta quarta-feira (24), em julgamento no Ministério da Justiça, em Brasília, anistia pela perseguição sofrida na época da ditadura militar. “É conquista da luta do povo brasileiro. Muitos morreram, perseguidos e torturados para garantir a democracia no país”, disse o sindicalista. 

Segundo Batista, que também é o presidente do PCdoB no Rio de Janeiro, é preciso agora aprofundar a democracia com a reforma política que permita a participação de todos no processo eleitoral. Ele, que foi perseguido e demitido por sua atuação sindical na época da ditadura, destaca que é preços fazer a democracia chegar dentro das fábricas porque ela hoje acaba na porta da fábrica pela série de dificuldades para que os trabalhadores se organizem e lutem por melhoria de vida.

Em seu discurso, Batista lembrou que a ditadura teve um corte de classe e que o sistema ditatorial era financiado e defendia os interesses do capitalismo e do imperialismo. Ele destacou os vários casos – dele e dos companheiros da época – que foram demitidos do trabalho por sua atuação sindical, tendo inclusive caso de trabalhadores algemados e levados presos de dentro das fábricas.

Após o pedido de desculpa – momento mais emocionante do julgamento, Batista disse que “a anistia representa mais um incentivo para continuar na luta pelo socialismo”.

Batista Lemos começou a militância política aos 15 anos no movimento estudantil secundarista. Ele contou que foi detido panfletando nas ruas quando foi decretado o AI-R, mas que era tão pequeno que foi levado para o Juizado de Menores.

Oriundo de família progressista – o pai, dentista Arnaldo lemos, foi vereador por dois mandatos em Jundiaí pelo PSP, “a cidade que o PCdoB elegeu o prefeito nas eleições de 2012”, destacou. “Minha mãe era socialista, mas não sabia”, diz Batista, destacando as características da mãe – “fraterna e solidária”.

O líder sindicalista foi demitido da Volks na época de greve do ABC paulista que projetou o ex-presidente Lula. Depois de falar em uma assembleia, Batista foi recebido na fábrica por dois guardas que o levaram para o setor de demissões. Três meses depois da greve, ele conseguiu emprego na Mercedes, onde aos poucos foi tentando organizar os trabalhadores. Antes de conseguir formar a chapa que concorreria às eleições do sindicato, foi também demitido da nova empresa. Depois disso, ele lembra que não conseguiu mais arrumar emprego na região do ABC.

 

Fonte – Blog do Renato Rabelo

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