Pelos cálculos do grupo de trabalho que investiga o assunto, pode haver mais de 7.488 militares perseguidos pela ditadura no Brasil.
A comissão toma como base relatórios do projeto Brasil Nunca Mais, que apontam 6.500 perseguidos nas Forças Armadas, e também um estudo da historiadora Flávia Burlamaqui, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que contabiliza os 7.488.
“Houve militares perseguidos por serem ligados à esquerda e ao partido comunista, mas teve uma parcela grande que atuava politicamente pela volta da democracia. É possível que novos nomes surjam”, disse Rosa Cardoso, membro da comissão.
Entre os depoentes estará o economista Pedro Luiz Moreira Lima, 66. Ele tinha 17 anos quando militares prenderam seu pai, o então coronel da Aeronáutica Rui Moreira Lima, em 1968.
Considerado herói de guerra por ter participado de missões na Itália, na Segunda Guerra Mundial, Rui Moreira Lima foi preso duas vezes durante o regime, identificado com movimentos nacionalistas e de defesa da legalidade.
O economista conta que os militares foram à sua casa e, como não encontraram o pai, levaram-no. Sem saída, Lima apresentou-se e foi preso.
Hoje, Rui Moreira Lima tem 93 anos. Acometido por um AVC (Acidente Vascular Cerebral) há dois meses, ele não poderá dar seu testemunho.
‘MICROFONE LIVRE’
Na primeira parte da audiência pública, serão ouvidos relatos de outras cinco pessoas, entre parentes e vítimas do regime militar. Na segunda, haverá uma espécie de “microfone livre” para outras vítimas.
De acordo com o professor Paulo Ribeiro Cunha, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a comissão já tomou 50 depoimentos de militares e familiares de perseguidos. A expectativa é que, ao final dos trabalhos, tenham sido tomados mais de cem.
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Fonte – Folha de S.Paulo