Na reunião, foram entregues documentos aos familiares das vítimas – a prima de Eduardo Collier, Virgínia Collier, e o irmão de Fernando Santa Cruz, Marcelo Santa Cruz. Eles revelam que o regime militar realizou um mapeamento das relações sociais das duas vítimas, com dados sobre familiares, amigos, “amantes” (que seriam as mulheres deles) e endereços dos mesmos. Segundo relator da comissão responsável pelas investigações, Manoel Moraes, as vítimas não cometeram crime algum na época da ditadura. “A ditadura criou uma falsa história e divulgou que Eduardo e Fernando teriam cometido crimes e fugido e que não é verdade. Tivemos acesso a documentos, através dos órgãos internos do governo, que mostram esse mapeamento do regime”. Ainda de acordo com Manoel, a comissão vai digitalizar o acervo e arquivar na memória da democracia para servir de material de estudo para pesquisadores e estudantes.
Virgínia Collier ressaltou a importância do trabalho
da Comissão da Verdade. “Estamos dispostos a ajudar no que for preciso para desvendar o que aconteceu com nossos familiares. Temos o direito de saber o que foi feito com eles. O trabalho da comissão nos conforta e estamos esperançosos em relação ao resultado das investigações”, afirmou.
Segundo Nadja Brayner, coordenadora da comissão, as investigações estão avançando em ritmo acelerado. “Não estamos trabalhando só nesses dois casos, mas em outros que precisam ser investigados em conjunto com a relatoria. Não temos dúvidas de que o governo determinou uma onda de extermínio para anular os que se posicionavam contra o regime militar. Com a ajuda dos órgãos e familiares das vítimas, temos como objetivo divulgar o que realmente aconteceu com os dois jovens e solucionar outros crimes da ditadura”.
Fonte – Diário de Pernambuco