Presidente consulta integrantes do grupo e especialistas antes de indicar o novo integrante do colegiado
Repetindo o já conhecido estilo centralizador, a presidente Dilma Rousseff fez uma série de consultas e vai definir, próximos dias, o novo integrante da Comissão Nacional da Verdade. Ele vai substituir o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que solicitou seu afastamento por problemas de saúde. Há, hoje, cinco fortes candidatos – mas, diante dos processos de escolha normalmente utilizados pela presidente, ninguém quer arriscar o escolhido.Ao se reunir com os atuais integrantes da comissão, no início deste mês, para ouvir o relato de seu primeiro ano de atividades, a presidente contou que estava ouvindo sugestões e pediu-lhes que também apresentassem as suas. No mesmo encontro comentou-se que o critério básico para a escolha deveria ser o conhecimento dos temas tratados na comissão.
Esse parece ser o único consenso entre grupos que atuam na área – de órgãos do governo a comissões estaduais da verdade e organizações não governamentais. Acredita-se que seria contraproducente, após um ano de trabalho, acolher alguém alheio às investigações e debates já em andamento.
Nos bastidores do Planalto, entre os nomes mais cotados para a vaga de Dipp aparecem Luci Buff, procuradora que já trabalha como assessora da comissão, e Antonio Carlos Biscaia, advogado, ex-deputado federal e ex-procurador-geral do Rio.
Outros nomes. Também integram a lista de possíveis indicados Marco Antonio Barbosa, presidente da Comissão Especial de Desaparecidos Políticos; Cezar Britto, ex-presidente da OAB; e Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia e secretário Nacional de Justiça.
Em 2012, as consultas de Dilma incluíram grupos de familiares de mortos e desaparecidos na ditadura. Mas um dos nomes mais insistentemente sugeridos por eles, o do procurador regional da República Marlon Weichert, que há mais de dez anos desenvolve atividades relacionadas à localização de restos mortais de desaparecidos políticos, foi ignorado pelo Planalto. Agora, o nome do procurador volta a ser cotado em alguns círculos, mas com força menor do que na rodada anterior.
Outras personalidades que têm sido citadas por organizações que atuam na área de direitos humanos são Nilmário Miranda, deputado federal (PT-MG) que foi ministro de Direitos Humanos no governo Lula; e Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, de Porto Alegre.
Pesa contra Nilmário o fato de ter sido preso político. Em 2012, a presidente evitou esse tipo de escolha, para não alimentar ainda mais as críticas de que a comissão teria caráter revanchista. Contra Krischke, destacado militante na defesa dos familiares, pode pesar o fato de ser próximo de Carlos Araújo, ex-marido de Dilma, ex-deputado pelo PDT e também ex-preso político. A escolha seria considerada muito pessoal.
Fonte – Agência Estado