Mas crimes contra a humanidade não prescrevem, segundo o direito internacional. E opositores da ditadura foram processados – quem sobreviveu à prisão, claro –, com base nos tribunais e leis do regime autoritário. Ainda hoje, defensores de 1964 afirmam que o golpe se antepôs ao “risco” de uma ditadura comunista. Uma balela. A pretexto de defender a democracia, militares e civis a interromperam por 21 anos. Muitas vezes, como escreveu em 1994 dom Paulo Evaristo Arns, tocando no corpo de suas vítimas para machucar, destruí-las psicológica e humanamente, matar. A Comissão da Verdade não surgiu para “vingar” ninguém. Mas para apresentar a versão da história por décadas sufocada. É sobre esse desafio a reportagem de capa.
Esta edição fala ainda sobre outro desafio do futuro, agora na área econômica: as medidas adotadas pelo governo, especialmente as desonerações tributárias – que reduzem custos da produção e encorajam consumidores – e seus possíveis efeitos na retomada do crescimento. Mesmo rateando, com tropeços, o país se diferencia do mundo em crise por recusar o receituário da “austeridade” e continua criando postos de trabalho com carteira assinada e ostentando as menores taxas de desemprego de sua série histórica. Talvez se possa inferir que nem só o PIB mede a eficiência econômica de um país.
Fonte – Rede Brasil Atual