Agência Senado
O presidente da Subcomissão da Verdade, senador João Capiberibe (ao centro), anunciou que pretende continuar as audiências públicas.
Elzita Santa Cruz vai completar 100 anos em outubro e ainda não tem uma resposta definitiva sobre o que aconteceu com seu filho, Fernando Santa Cruz. No sábado de carnaval de 1974, ele foi preso por agentes do DOI-Codi, no Rio de Janeiro.
“Até hoje espero a verdade, não sei como foi que ele desapareceu, porque uma incerteza é a coisa pior do mundo. Às vezes fico assim pensando… Será que ele vai chegar?” relatou Elzita.
Iara Xavier, que teve dois irmãos e o companheiro assassinados com um tiro na nuca, reconhece que a criação da Comissão Nacional da Verdade foi um avanço, mas é preciso ir além.
“Expressamos a necessidade e a importância de convocar os agentes do Estado responsáveis pelos crimes de tortura, assassinato e desaparecimento. Sabemos que é difícil obter resultado, mas eles podem avançar, pois a história, ela não vai poder ser sepultada sob um nome falso, como os mortos no cemitério de Perus, porque eles vão ressurgir, e clamam por justiça”, afirmou.
O sobrinho do líder estudantil Honestino Guimarães e Coordenador do Projeto “Direito à Memória”, Mateus Guimarães, também questionou os 16 meses de trabalho da Comissão Nacional da Verdade.
“Quais foram as circunstâncias do sequestro, quais foram as circunstâncias do assassinato, quem eram os agentes que estavam envolvidos, quem deu a ordens? Uma série de perguntas que nós realmente esperamos que a Comissão Nacional da Verdade traga as respostas, afirma Mateus.
Violação de direitos
A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Presidência da República com o objetivo de esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 a 1988. E deve concluir seu trabalho em maio do ano que vem.
O presidente da Subcomissão da Verdade, senador João Capiberibe (PSB-AP), anunciou que pretende continuar as audiências públicas e ouvir as vítimas da ditadura nos locais onde foram torturadas. Ele lembrou que na segunda-feira (23), os parlamentares visitaram o prédio do Batalhão da Polícia do Exército, onde funcionou o DOI CODI, no Rio de Janeiro.
“Nós temos que buscar verdadeiramente o que aconteceu em nosso país. Vamos continuar. Essa comissão está aberta para trabalharmos no sentido de acelerar o processo de recuperação de nossa memória”, observou Capiberibe.
Fonte – Vermelho