“Massacre de Ipatinga” terá nova apuração

Após meio século de impunidade, moradores da região e parentes de vítimas, além de entidades sindicais, querem esclarecer pontos que permanecem obscuros no sangrento episódio que ficou conhecido como o Massacre de Ipatinga.

No dia 7 de outubro, membros da Comissão Nacional da Verdade vão participar de uma audiência pública na cidade, que cobra uma nova investigação sobre o caso. Isso porque há fatos que colocam em xeque a versão oficial, especialmente no que diz respeito ao número de vítimas.

Corpo do operário Sebastião Tomé, recolhido para o interior da usina, é observado por colegas

 

Usiminas comprou 32 caixões após massacre 

Há fortes evidências remanescentes do processo, provas documentais e testemunhais, que indicam a morte de mais trabalhadores. O padre Abdala Jorge, que à época ajudou no resgate das vítimas, afirmou em repetidos depoimentos ter contado pessoalmente 11 corpos que foram encaminhados para um hospital da região. 

Além disso, documentos compravam que pelo menos dois operários, Gesulino França de Souza e Fábio Rodrigues de Souza, permanecem desaparecidos desde o massacre.

Fato intrigante é o relato de um ex-funcionário da siderúrgica que, no dia 8 de outubro de 1963, um dia após o massacre, recebeu a missão de buscar na funerária da Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, 32 caixões e quatro tambores cromados contendo sangue.

Toda a mercadoria foi entregue pelo motorista, que até então era responsável apenas pelo transporte de alimentos dos funcionários, no almoxarifado da Usiminas.

Geraldo Ribeiro, à época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Coronel Fabriciano, revelou recentemente ter recebido uma carta da direção da Usiminas informando que, cerca de 30 dias após o confronto, 59 trabalhadores não teriam retornado às suas atividades. Por esse motivo seriam demitidos. O paradeiro ou a situação destes operários jamais foram revelados. 

 

Dezenove soldados foram indiciados pela tragédia. Apesar das evidências e do confronto desigual, já que estavam armados inclusive com metralhadora giratória, todos foram absolvidos em 1965, no auge da ditadura militar, por legítima defesa.

 

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