Espanhóis mortos na ditadura são identificados na Argentina

Uma ONG argentina identificou os restos mortais de dois cidadãos espanhóis assassinados pelas forças de segurança da ditadura militar argentina (1976-83). O anúncio oficial da descoberta e identificação dos corpos foi feito na segunda-feira (30), data conhecida como “Dia dos desaparecidos espanhóis na Argentina”.

Vanina Téllez, com as fotos de seus pais: Ricardo Alberto Téllez e Antonia Margarita Fernández García. / Foto: Nacho Orejas

 

Ambos corpos foram identificados graças às amostras genéticas de seus parentes e analisadas pela Equipe Argentina de Antropologia de Medicina Legal . Uma das duas vítimas identificadas era Antonia Margarita Fernández García, nascida em Oviedo, Astúrias, em 1944. A outra era Manuel Ramón Souto Leston, nascido em La Coruña, Galicia, em 1949.

Antonia Margarita foi sequestrada pelos militares quando estava em sua casa na cidade de Mar del Plata, em maio de 1978. Os integrantes do grupo de sequestro também levaram suas duas filhas, de três e sete anos, que posteriormente foram entregues a seus avôs. Souto Leston foi sequestrado em junho de 1976 quando visitava os moradores de uma casa no distrito de Villa Fiorito, no município de Lanús.

A Embaixada da Espanha em Buenos Aires possui documentos sobre 30 espanhóis nativos que desapareceram durante a ditadura argentina. Mas as estimativas dos organismos de defesa dos direitos humanos – além dos dados nos tribunais – indicam que uma centena de cidadãos espanhóis teria sido sequestrada e torturada nos sete anos do regime militar argentino (1976-83).

O primeiro espanhol desaparecido na ditadura a ser identificado foi Manuel Coley Robles, cujo corpo crivado de balas foi desenterrado em 2006 no cemitério de Isidro Casanova, município da Grande Buenos Aires. Após diversos exames de DNA a Equipe de Antropologia conseguiu identificar sua identidade em 2009.

O sindicalista Coley Robles, nascido em Barcelo, Catalunha, em 1939, foi sequestrado por integrantes do Exército a paisana que invadiram sua pequena casa na hora do jantar no dia 27 de outubro de 1976 . Sua mulher, Alcira del Valle, foi à delegacia número 3 de Quilmes fazer a denúncia do desaparecimento de seu marido. Ali, os policiais lhe responderam com ironia: “Quem sabe não fugiu com outra mulher?”

A ditadura argentina foi a responsável pelo assassinato de 30 mil civis, segundo estimativas dos organismos de defesa dos direitos humanos. A Comissão Nacional de Pessoas Desaparecidas (Conadep) cataloga quase 10 mil pessoas mortas pelo regime nos centros de detenção clandestinos.

 

 

Fonte – Estadão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *