Evento reuniu vítimas que contaram histórias para a Comissão da Verdade. Secretária de Direitos Humanos está na região colhendo esses depoimentos.
As histórias de torturas e prisões do período em que aconteceu o Golpe Militar (1964 a 1985) estão sendo apuradas pela Comissão da Verdade. Pessoas da região que viveram nessa época e que passaram pelas mãos dos militares estiveram em um evento realizado para resgatar essa história.Ruth Coelho Monteiro, secretária de Direitos Humanos do Governo Federal, está em Santos colhendo depoimentos dos trabalhadores vítimas do Golpe Militar. Ela foi convidada pela “Comissão da Verdade de Santos” e centrais sindicais da região. “É um ato de sindicalistas e procura resgatar a história do movimento sindical da Baixada Santista e daquelas pessoas que foram vítimas dos diversos períodos de repressão. Também conta histórias de pessoas que fizeram parte do fórum sindical de debates”, diz.
Mauro da Cunha, anistiado, contou histórias do tempo em que era um dos diretores do Sindicato do Petróleo de Santos, na década de 1960. “A situação foi complicando cada vez mais, com greves, movimento sindical, político, até chegar no desfecho do golpe de 1964. Fui preso várias vezes de 1964 até 1977”, afirma.
Oswaldo Lourenço, de 88 anos, ex-líder portuário, relembra o tempo em que foi preso e torturado. “Era preso, torturado de todas as formas, choques elétricos pelo corpo todo, bofetadas, pontapés. Eu passei por tudo isso e passei por duas condenações à morte pela ditadura com a ajuda e colaboração das pessoa”, conta.
Serão colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas da região que sofreram agressões dos militares. Todas as histórias serão documentadas. “É muito importante porque a juventude ficou mais de 20 anos sem saber que existiu essa história e o movimento sindical é como se tivesse começado do nada, sendo que já existia uma história muito anterior a tudo isso. Nosso objetivo é divulgar a história que existia antes do Golpe Civil Militar que teve no país e também divulgar que é possível a retomada da luta unitária e a retomada pelos direitos dos trabalhadores”, conclui Ruth.
Comissão da Verdade reuniu sindicalistas que sofreram repressão (Foto: Reprodução/TV Tribuna)