Segundo o documento elaborado pela comissão, Ezequias foi morto sob tortura e seu corpo encontrado com as mãos e pés amarrados de corda, envolto em uma rede também amarrada de corda, com uma pedra de 30 quilos atada ao cadáver e jogado na barragem do Bambu, no Engenho Mussuassu, no município de Escada, na Zona da Mata Sul do estado. “O que configura grave violação aos direitos humanos por parte do estado, um vez que no dia anterior ele tinha sido preso, junto com sua mulher, por agentes do DOI-CODI do Estado de Pernambuco e levado para local ignorado”.
De acordo com a relatora do caso, Nadja Brayner, após a descoberta desse documento, a verdade foi revelada. “Tínhamos apenas a certidão que constava Ezequias como desaparecido. Solicitamos ao IML o exame do corpo por só termos feito o exame comparativo feito junto ao encontrado, conhecido como datiloscópico, a equipe encontrou também os documentos e o ofício assinado pelo delegado, Bartolomeu Ferreira de Melo, da época que encaminhou os dados com as impressões digitais da vítima no verso e a partir disso confirmamos através do exame que era ele. O IML fez o exame e confirmou a tortura que revela detalhes da mesma, inclusive que ele já foi jogado no rio quando estava em óbito. Esse é o trabalho da comissão, apresentar a verdade por mais que isso doa para os familiares”, afirmou Nadja, frisando que o próximo passo será realizar a mudança na certidão de óbito da vítima.
O irmão da Ezequias, Ednaldo Bezerra, falou sobre a sensação de chegar oficialmente a verdade dos fatos.”Nossa expectativa agora é que encontremos o corpo. Mesmo sendo traumático, agradecemos o trabalho da comissão. Sinto um alivio angustiante porque ainda nem li o laudo, mas sei que vai ser forte. O importante que tem uma autópsia de um preso politico. Isso foi um erro deles por deixar isso guardado sem conhecimento. Não imaginava que depois de 41 anos iríamos encontrar a autopsia do corpo”, comentou.
O advogado que da família Bezerra, o Dr. Frederico Barbosa, que cuida do caso, chamou atenção para a conduta dos advogados da União. “A sentença nos é favorável a muito tempo e está na fase de execução e tem sido procastinada recorrentemente pela União, que é ré no processo, através dos seus advogados que insistem em trazer para o debate termos que estão blindados pela sentença transitada e julgada”, acrescentou o advogado.
Fonte – Diário de Pernabuco