Placa foi colocada no local onde funcionava quartel do Exército para onde eram levados presos políticos; local onde Carlos Lamarca estava lotado
Placa durante descerramento na manhã desta terça-feira em Porto Alegre
Foi inaugurada, nesta terça-feira, a primeira das vinte placas que serão instaladas pela cidade de Porto Alegre, como parte do projeto Marcas da Memória, que visa resgatar a história de locais onde eram realizadas torturas e prisões durante a ditadura militar. O primeiro local escolhido foi a praça Raul Pilla, onde existia o antigo quartel da Polícia do Exército, local onde o então tenente Carlos Lamarca trabalhava, e onde ajudou na fuga de presos perseguidos pelo regime.
“Esse é um local emblemático, porque era o quartel da Polícia do Exército, local para onde eram trazidos muitos militares e civis, onde muita gente foi torturada e humilhada”, diz o presidente do Movimento Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke. Segundo ele, as demais placas devem ser instaladas na rua, onde a população pode visualizá-las de forma fácil. “O maior vai ser instalado no Cais do Porto “, promete.
Presidente do Movimento Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, responsável pelo projeto. Foto: Daniel Favero / Terra
Com os dizeres: “aqui se localizava o quartel da 6ª Cia de Polícia do Exército que , nos anos de chumbo, foi local de prisões ilegais e torturas. A cela denominada Boi Preto era símbolo do terror implantado. Pelo portão principal, em dezembro de 1964, o então tenente Carlos Lamarca, oficial-de-dia, deu fuga ao capitão Alfredo Ribeiro Daut, um dos oficiais que aderiu ao Movimento dos Sargentos da FAB, que impediu o bombardeio do Palácio Piratini durante a campanha da Legalidade de 1961”, a placa foi inaugurada com a presença de várias personalidades e antigos militantes que foram torturados no local.
Cerimônia foi simples, mas marcada pelo resgate da história de quem lá esteve preso. Foto: Daniel Favero / Terra
É o caso de Lairton Ripoll, que foi levado ao quartel em agosto de 1965, lugar onde ficou preso, sofrendo tortura e humilhações, até dezembro daquele ano, para ser solto apenas 300 dias depois de sua prisão. “Depois de 43 anos descobri que um dos meus algozes era o tenente Lamarca”, lembra, dizendo que o célebre militar que se voltou contra a ditadura, pode ser um dos que nunca o torturava.
Fonte – Terra