O escritor argentino residente no México Juan Gelman, de 83 anos, faleceu na terça-feira, informaram fontes familiares e oficiais. Ativista política, viveu 13 anos exilado no México. A família foi vítima da ditadura militar argentina. O escritor perdeu o filho e a nora. Reencontrou a neta em 2000.
“Morreu tranquilo, na sua casa, rodeado da sua família (…) de uma doença que se chama síndrome mielodisplásica” (disfunção da medula óssea), disse uma fonte da família citada pela agência Efe.
Prémio Cervantes 2007 e Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana em 2005, Juan Gelman viveu exilado desde o golpe de Estado de 1976 na Argentina. O poeta viveu em Itália, França e México, onde residia há mais de 20 anos.
Juan Gelman e a família foram vítimas da ditadura militar argentina. O filho e a nora, grávida de sete meses, foram sequestrados e mortos em 1976. Só muito depois o escritor soube que a criança tinha nascido em cativeiro. Nunca desistiu de a encontrar e em 2000 testes de ADN confirmaram o parentesco com uma jovem chamada Andrea, que adotou o nome de Maria Macarena e os apelidos dos pais Gelman García.
A história foi contada publicamente pelo escritor, radicado no México, mas mantida à margem do seu trabalho, como contou ao DN quando esteve em Portugal, em 2010, a convite da Fundação Saramago.
Amigo do Prémio Nobel da Literatura, Gelman contou com a ajuda de José Saramago nas diligências oficiais que foi fazendo para recuperar o corpo do filho, morto com um tiro na nunca na Argentina, e da nora, assassinada em Montevideo (Uruguai), encontrar a descendência (durante anos, não soube sequer se se tratava de um neto ou de uma neta) e obter justiça.
Fonte – dn.pt