Novo documento divulgado hoje pelo site “Arquivos da Ditadura”, do jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha de S.Paulo, mostra como o governo militar, nos seus estertores, elaborou lista de cineastas que deveriam ser vetados.
O documento também mostra que o governo militar determinou a demissão do então presidente da Embrafilme, Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, por ele liberar um filme que abordava ironicamente a ditadura (1964-1985) e seus subterrâneos.
O diplomata Celso Amorim estava no cargo desde 1979, ano em que assumiu a Presidência do último militar da ditadura, general João Batista Figueiredo.
Em 1982, chegara aos cinemas “Pra Frente Brasil”, de Roberto Farias, cuja trama tratava da vitória brasileira na Copa de 1970, usada à exaustão pelo regime, e ainda abordava um episódio de tortura, com um personagem interpretando o delegado Sérgio Fleury, um dos nomes mais associados às sevícias e mortes no período.
Após protestos dos militares contra o filme, o próprio Figueiredo reuniu-se em março de 1982 com o seu chefe de Gabinete Civil, João Leitão de Abreu, o chefe do Gabinete Militar, general Danilo Venturini, além de Delfim Netto, ministro do Planejamento.
Naquele encontro decidiu-se: “Demissão do presidente da Embrafilme. Falar com Ludwig”, sobrenome do então ministro da Educação, Rubem Ludwig. Terminava ali a gestão de Amorim à frente da Embrafilme.
O SNI (Serviço Nacional de Informações), braço de inteligência da ditadura, ainda elaborou lista de cineastas vetados, como os diretores Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Nelson Pereira dos Santos, entre outros.
Fonte – Folhapress