Comissões da Verdade caminham lentamente

Criada para aprofundar a análise sobre a ditadura militar no Brasil  (1964-1985), a Comissão Nacional da Verdade foi reproduzida em diversos Estados e municípios brasileiros. Desde o fim do ano passado, os grupos de trabalho ganharam espaço no Grande ABC. As Câmaras de Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá formaram comissões, presididas por vereadores petistas.

Das quatro cidades, apenas o bloco diademense iniciou os trabalhos. Foram realizados diversos encontros e depoimentos de quem vivenciou o período militar.

A previsão inicial era que as atividades no município terminassem no fim de março, mas a presidente da comissão, vereadora Lilian Cabrera (PT), estuda prorrogar o prazo por mais seis meses. “Já colhemos relatos importantes e queremos aprofundar esse trabalho”, frisou a petista. Segundo ela, estão previstas ações envolvendo mulheres e sociedade civil. “Também faremos um trabalho junto com a Comissão Estadual da Verdade.”

Um dos depoimentos mais aguardados foi o do ex-prefeito Gilson Menezes (PSB). Ex-sindicalista e militante histórico do PT, Gilson foi o primeiro chefe de Executivo eleito pela sigla, em 1982. Ele relatou à Comissão da Verdade local sobre a dificuldade de organização dos trabalhadores naquele período. “Não se podia fala em greve”, disse.

Em Santo André, a Comissão da Verdade começará a ouvir os depoimentos no mês que vem. A projeção é do líder do grupo, José Montoro Filho, o Montorinho (PT). “Já temos uma lista grande de pessoas que desejam dar sua contribuição. Vamos definir os detalhes dos encontros”, disse. O andreense justificou que o recesso parlamentar atrasou o início da apuração. Ele também mencionou o intercâmbio com as comissões estadual e nacional.

Cidade onde surgiu o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, uma das entidades que mais lutou contra o regime, São Bernardo tem a Comissão da Verdade mais emperrada. Comandada pelo líder do governo na Câmara, vereador José Ferreira (PT), o grupo só definiu os outros integrantes da comissão na semana passada. Zé Ferreira disse que o próximo passo é elaborar o calendário de atividades.

Conhecida por abrigar importantes remanescentes da AP (Ação Popular, um dos movimentos populares contrário ao regime militar), Mauá também está iniciando as tratativas para colher depoimentos. “Temos um rico material humano para ser ouvido. Isso contribuirá muito no andamento da comissão”, disse o presidente do grupo, Wagner Rubinelli (PT).

Em abril, o golpe que deflagrou o regime militar completa 50 anos. Várias atividades estão planejadas em todo o Brasil para relembrar o período conturbado da história política brasileira.

O grupo Acorda ABC, ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, prepara evento internacional para relembrar o golpe militar de 1964. A ação reunirá militantes de diversos países da América Latina.

 

No começo do mês, São Bernardo sediou ato organizado pelas dez centrais sindicais com representação no Estado, para homenagear ex-sindicalistas, políticos e militantes que vivenciaram os anos de chumbo.

 

Fonte – Diário do Grande ABC

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