Instaurada no ano passado pela Câmara de Mauá, a Comissão da Verdade terá sua primeira reunião de trabalho efetiva na segunda-feira, às 10h. Segundo o presidente do grupo, vereador Wagner Rubinelli (PT), a pauta do encontro será a solicitação de informações sobre a atuação do regime militar (1964-1985) no município colhidas por comissões homônimas instauradas por grupos estadual e federal.
“A intenção é aprovar esses pedidos e começar a identificar as pessoas que podem dar depoimentos e contribuir com o trabalho. A partir daí, podemos convocar essas pessoas”, explicou Rubinelli.
Quando começar a colher esses depoimentos, o petista estuda criar mecanismos para evitar constrangimentos. “Tudo que for dito no Legislativo é publico. Por isso, vamos tentar convocar o pessoal da taquigrafia para registrar os depoimentos, mas acho que podemos dar a opção às pessoas de manter as histórias em sigilo. As torturas ocorridas durante a ditadura muitas vezes geraram situações constrangedoras, que alguns não gostariam de revelar”, argumentou.
Mauá foi acompanhada de perto pelos militares em razão da presença ativa da AP (Ação Popular) no Jardim Zaíra. Nascido dentro da Igreja Católica, o movimento buscava melhorias para a comunidade local e sofreu com diversas prisões e até mesmo com a morte de seus militantes, como a de Olavo Hansen e Raimundo Eduardo da Silva. A cidade também chamou a atenção do regime militar por ter servido de abrigo para o ativista Herbert José de Souza, o Betinho.
A busca por respostas sobre violações dos direitos humanos cometidos pelos militares começou a ser organizada por entidades da sociedade civil. No ano passado, os legislativos da região passaram a abrir comissões para acompanhar os casos. As informações, entretanto, têm caráter apenas de elucidar o passado e não de aplicar punições.
Fonte – Diário do Grande ABC