Discussões e mostra de cinema antecipam 50 anos do golpe de 1964 e buscam compreender heranças do regime nas instituições brasileiras
O ciclo de debates é organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Filosofia da USP
Começou ontem (27) e vai até 3 de abril na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) uma série de debates sobre como a ditadura que governou o país durante 21 anos, entre 1964 e 1985, moldou o Brasil contemporâneo. As discussões começam às 19h30, com uma mesa sobre a repressão e os trabalhos da Comissão da Verdade.
O seminário é uma continuação de discussões iniciadas na USP há seis anos sobre os resquícios da ditadura na sociedade brasileira. Os debates deram origem a um livro intitulado O que resta da ditadura?, publicado pela editora Boitempo, em 2008. O volume coloca em questão as formas encontradas pelo regime para permanecer em nossa estrutura jurídica, nas práticas políticas, na violência cotidiana e em nossos traumas sociais.
“Seis anos se passaram, mas a questão não só permanece como se coloca de maneira mais urgente”, avalia o filósofo Edson Teles, no blog da Boitempo. “O fato, entretanto, não se deve à mera proximidade da data histórica em que o golpe completa 50 anos. Assistimos nesse entretempo a repugnante intensificação da violência de Estado, que, se jamais foi completamente extinta, tornou-se escancarada pela resposta dada às manifestações populares que tomaram as ruas desde junho.”
O ciclo de debates é organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Filosofia da USP, com apoio da Boitempo. Além das discussões que, às quintas-feiras, reunirá diferentes perspectivas de pesquisadores, ativistas, cineastas e estudantes envolvidos com a questão, serão exibidos, às quartas, filmes que antecipam o tema da mesa do dia seguinte.
Confira programação:
DEBATES | 19h30 | às quintas | auditório da geografia
27 de fevereiro| A repressão na cidade e no campo: os trabalhos da Comissão da Verdade
Com Ivan Seixas (Comissão Estadual da Verdade), Tatiana Merlino (Comissão Nacional da Verdade – CNV) e Larissa Bombardi (USP/CNV)
6 de março | Transição e justiça
Com Fábio Venturini (PUC) e Edson Teles (Unifesp)
13 de março | O empresariado e a ditadura (quem encomendou o serviço)
Com Maria Aparecida de Paula Rago (PUC), Rodolfo Machado (PUC/CNV) e Projeto Memória da Oposição Metalúrgica de SP
20 de março | Partidos políticos e transição na América Latina
Com Lincoln Secco (USP) e Osvaldo Coggiola (USP)
27 de março | Cinema e transição
Com Rubens Machado (USP), Rubens Rewald (USP), Rossana Foglia e Thiago
Mendonça (Cordão da Mentira/Coletivo Zagaia)
3 de abril | A atualidade da violência de Estado: uma transição desenhada para não terminar
Com Paulo Arantes, Dario de Negreiros (Margens Clínicas), MPL, MTST, Mães de Maio e Sindicato dos Metroviários
+ Lançamento do livro O que resta da transição, org. de Milton Pinheiro, pela editora Boitempo.
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FILMES | 19h30 | às quartas | sala 8 | prédio de Filosofia e Ciências sociais
12 de março | Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski [2009, 93 min.]
19 de março | Rua Santa Fé, de Carmen Castillo [Chile, 2007, 163 min]
26 de março | Corpo, de Rossana Foglia e Rubens Rewald [2007, 90 min.]
Blablablá, de Andrea Tonacci [1968, 32 min.]
2 de abril | Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós [2014, 90 min.]
Ninjas, de Dennison Ramalho [2010, 25 min.]
Fonte – Rede Brasil Atual