Delegado avalia trabalho de busca por vestígios de casal morto na Ditadura

Segundo Daniel Lerner, balanço da operação é considerado ‘positivo’. Namorados saíram de SP para fugir do regime, mas foram executados em GO.

Operação busca vestígios do casal Márcio e Maria (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)


O delegado da Polícia Federal Daniel Joses Lerner avaliou como positiva a operação feita pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) para encontrar vestígios de um casal de namorados morto durante a Ditadura Militar emRio Verde, sudoeste de Goiás. Segundo ele, mesmo não encontrando nenhum material ligado diretamente às vítimas, os três dias passados pela equipe na Fazenda Rio Doce ajudaram bastante na investigação.

“Essa foi só a primeira etapa, quem trabalha com isso sabe que não é fácil, é preciso insistência. Colhemos novos depoimentos de pessoas que viveram na época e podem nos levar com maior precisão ao local onde os dois estariam. Além disso, fizemos um levantamento fotográfico do local, que não existia ainda”, disse Lerner ao G1.

A operação ocorreu de quarta-feira (26) até sexta-feira (28) e contou com o apoio de  Polícia Federal do Distrito Federal, além de representantes do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília. A intenção é encontrar material relativo aos militantes de oposição Márcio Beck e Maria Augusta Thomaz, assassinados em 17 de maio de 1973.

A partir de agora, a equipe vai trabalhar emBrasília, em busca de provas documentais. O delegado revelou que a equipe de busca pretende voltar a fazenda ainda neste semestre. Ele também explica que não está descartada atuações deste tipo em outras cidades do estado.

“Na Região Centro-Oeste, temos pelo menos oito casos de desaparecidos políticos. Na época, quando o estado de Tocantins ainda fazia parte do território de Goiás, essa região foi muito violenta”, destaca.

Equipe fez escavações para tentar achar vestígios (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Morte

O casal Márcio e Maria era de São Paulo e se mudou para Goiás em 1973 para fugir repressão. Porém, eles foram descobertos e assassinados por um grupo armado no dia 17 de maio do mesmo ano.

“Eles estavam em um casebre e foram surpreendidos por um grupo que ficou perfilado em volta do imóvel com artilharia pesada e abundante, usando, inclusive, fuzis”, explica o delegado. De acordo com Lerner, depoimentos e documentos obtidos no Serviço Nacional de Informações (SNI) comprovam a ação.

 

Ainda conforme Lerner, os corpos foram sepultados no local, mas nunca foram encontrados. Em 1980, quando familiares tentavam localizar os restos mortais, um grupo ligado ao regime realizou a chamada “Operação Limpeza”, desenterrando os corpos e os levaram para um lugar

 

Fonte – G1

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