Acesse os documentos; Delegado depõe, mas não contribuiu com informações e nega autoria de tortura e mortes no Doi-Codi de SP
A Comissão Nacional da Verdade apresentou hoje em São Paulo seu quarto relatório parcial de pesquisa, que abordou a questão dos centros clandestinos de tortura.
No relatório, a CNV e a equipe coordenada pela professora Heloísa Starling, do Projeto República, da UFMG, identificaram 17 centros clandestinos de tortura (locais em que ocorriam graves violações de direitos humanos operados fora de quartéis ou delegacias).
Desses centros, 7 estão fartamente documentados por depoimentos e documentos oriundos da própria repressão. Outros 10 ainda são objeto de estudo da CNV. Esses locais funcionaram em 9 estados (RJ, SP, PA, MG, PE, GO, BA, CE, SE) e no DF.
Acesse os documentos apresentados pela CNV:http://www.cnv.gov.br/index.php/relatorios-parciais-de-pesquisa
Este é o quarto relatório parcial de pesquisa apresentado pela CNV. Em fevereiro, a Comissão apresentou relatórios sobre centros de tortura em instalações das Forças Armadas e sobre o caso Rubens Paiva. Em março, a CNV fez uma apresentação sobre a Casa da Morte de Petrópolis.
O relatório sobre a tortura em instalações das Forças Armadas foi encaminhado ao Ministério da Defesa pela CNV, que requereu a abertura de sindicâncias para apurar o desvio de finalidade dessas instalações. No início deste mês, a CNV foi informada pelo ministério que as sindicâncias foram abertas.
DEPOIMENTO – Além da audiência pública, a CNV convocou para depor três agentes da repressão política. Um deles, odelegado da Polícia Civil de São Paulo, Dirceu Gravina, lotado hoje no Deinter, compareceu e prestou depoimento reservado à CNV.
Gravina, que era investigador nos anos 60 e 70, atuou cedido ao Doi-Codi do II Exército, em São Paulo. Ele negou ser autor de torturas, mas, na avaliação de José Carlos Dias, caiu em contradição.
O delegado, que foi acusado criminalmente pelo Ministério Público Federal pelo desaparecimento de Aluizio Palhano, disse que ouvia gritos de tortura no período que trabalhou no Doi-Codi, depois afirmou que os gritos seriam “simulados”. Ele não soube como poderia explicar a diferença entre um “grito simulado” e um “grito verdadeiro” de uma vítima de tortura.
Entretanto, suas vítimas, que compareceram à audiência, pediram a palavra. Uma delas, a professora aposentada Darci Miyaki, afirmou que Gravina a torturou, deixando sequelas que ela carrega até hoje.
Fonte – Comissão Nacional da Verdade – Assessoria de Comunicação