Documentos do governo americano relatam a prática de tortura durante a ditadura no Brasil. Segundo o documento, houve casos de mortes.
A Comissão Nacional da Verdade divulgou nesta quarta-feira (2) documentos do governo americano que relatam a prática de tortura durante a ditadura no Brasil.A entrega dos documentos foi prometida pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em visita a Brasília há 15 dias. São relatórios feito por diplomatas americanos entre 1967 e 1977. Um deles, de abril de 73, relata que as prisões feitas por agentes do primeiro exército aumentaram dramaticamente no Rio de Janeiro e que os presos eram levados para interrogatórios em prisões militares. Nesses locais, eram submetidos à tortura, “espremidos sem piedade”.
Segundo o documento, houve casos de mortes, que eram comunicados à imprensa como se tivessem ocorrido num tiroteio ou numa tentativa de fuga.
Em outro relatório, afirmam ter um informante brasileiro do setor de inteligência militar que atuava como interrogador, em Osasco, São Paulo.
Segundo o informante, os métodos de tortura eram o pau de arara e choques elétricos. Ele conta que uma mulher ficou 43 horas no pau de arara. “Isso a quebrou”, disse.
Para a Comissão Nacional da Verdade, os documentos americanos contrariam as respostas das Forças Armadas ao pedido de informações sobre a prática de tortura em quarteis. As Forças Armadas disseram que não há comprovação de violações aos direitos humanos nessas instalações.
A Comissão afirmou nesta quarta-feira (2) que deplora e lamenta a “incorreção” das respostas e que vai pedir esclarecimentos ao Ministério da Defesa.
“Se os documentos contrastam violentamente com o relatório das forças armadas, que dizem que não há comprovação de existência de tortura no Brasil. Ora, esses documentos descrevem minuciosamente a prática da tortura”, afirma o coordenador da Comissão Nacional da Verdade Pedro Dallari.
O Ministério da Defesa afirmou que vai continuar a colaborar com a Comissão Nacional da Verdade, mas não quis se manifestar sobre a análise da Comissão sobre os documentos americanos.
Fonte – G1