“Operação Condor”: exposição lembra o que não devemos esquecer

Nesta terça-feira, a Justiça argentina condenou o ex-ditador Reynaldo Bignone a 23 anos de prisão. Junto com ele, o ex-general Santiago Omar Riveros, que chefiou o comando militar responsável pelos desaparecimentos de 33 operários, foi condenado a prisão perpétua.

Se pelas ruas de Buenos Aires é possível notar placas que indicam nomes de pessoas que morreram ou desapareceram durante o regime militar argentino (1976 – 1983), no final de setembro, São Paulo deu mais alguns passos em direção à preservação da memória contra o esquecimento. Além da Comissão da Verdade instalada pela Prefeitura, e que contou com a presença do jornalista Audálio Dantas, do escritor Fernando Morais e do prefeito Fernando Haddad, a exposição “Operação Condor” chegou ao Paço das Artes, na Cidade Universitária. Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra traz mais de 113 fotografias do português João Pina.

A Operação Condor “foi uma engrenagem de assassinato sem fronteiras, rapto, tortura e intimidação, coordenação entre as forças da polícia secreta do Chile de Pinochet, do Paraguai de Stroessner, da Argentina de Videla e outros caudilhos regionais”. A definição é do jornalista e escritor Christopher Hitchens (“O julgamento de Kissinger”). Coloquemos nesta singela lista o Brasil.

Em 2005, depois de fotografar 25 ex-presos políticos, Pina passou a pesquisar sobre a Operação Condor, que estreitou os laços, irmanou seis países latino-americanos sob as condições de se torturar aqueles que pensavam de outra forma. O fotógrafo levou nove anos para chegar ao resultado final da mostra, que é destinada não só a familiares de desaparecidos políticos, é claro. A falta implica a presença de alguém que seja capaz de senti-la. E a culpa, o sentimento de que “deve-se” explicações a alguém, também.

Se vivemos sob a liberdade de um regime democrático, temos a obrigação de questionar a ausência de liberdade das duas décadas mais obscuras pelas quais o Brasil já passou – para citar apenas um país. Traumas, depressões, problemas psíquicos. A lente de João Pina procurou por esses efeitos individuais deixados por longas ditaduras na sociedade. E, na semana em que Antônio Augusto Queiroz, diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), afirma que o novo congresso, pós-eleições, é o mais conservador desde 1964, a exposição de Pina se mostra cada vez mais necessária. Nas palavras do curador Diógenes Moura: “Resta-nos saber que tipo de justiça queremos”. E o que faremos para que esta seja de fato posta em prática.

SERVIÇO
“Operação Condor” | João Pina
Até 7 de dezembro
Terças a sextas – 10h às 19h | Sábados, domingos e feriados – 11h às 18h
Local: Avenida da Universidade, 1, Cidade Universitária, São Paulo/SP

 

 

Fonte – Brasil Post

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