A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizará diligência em Fortaleza (CE) para ouvir Antônio Waneir Pinheiro Lima, mais um agente da repressão política dos tempos da ditadura publicamente identificado. Depois de passar mais de quatro décadas escondido sob a alcunha de “Camarão”, carcereiro da chamada Casa da Morte, Antônio Waneir Pinheiro Lima foi localizado no interior do Ceará.
Além de colher informações sobre o depoimento prestado por “Camarão” à Polícia Federal em Fortaleza, a comissão quer interrogar diretamente o carcereiro. Apresentado pelo senador João Capiberibe (PSB-AP), o requerimento para a audiência foi aprovado pela CDH na quarta-feira (12).
Depois de encontrado, Lima foi conduzido coercitivamente à PF, na capital, para falar de sua participação nos crimes cometidos na Casa da Morte, nos anos 70. Localizada em Petrópolis (RJ), a estrutura clandestina serviu como aparelho para prisões ilegais, tortura e morte de opositores do regime militar.
A diligência será realizada em conjunto com a Subcomissão da Memória, Justiça e Verdade do Senado Federal, com a participação dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Lídice da Mata (PSB-BA), além do próprio Capiberibe.
Cerca de 20 militantes da esquerda passaram pela Casa da Morte, operada pelo Centro de Informações do Exército (CIE). De todos os militantes, sobreviveu apenas Inês Etienne Romeu. A um mês da divulgação do relatório da Comissão da Verdade, há a expectativa de que “camarão” possa revelar nomes de outros agentes que atuaram no local.
Inês Etienne denunciou que foi estuprada por Lima duas vezes enquanto esteve presa na casa. A militante o reconheceu por fotos agora divulgadas, antigas e atuais. Lima, que então integrava a Brigada de Paraquedistas do Exército, vivia no interior do Rio de Janeiro, mas fugiu para o Ceará logo depois de ser localizado, por temer uma convocação para depor na Comissão Nacional da Verdade.
Fonte – Agência Senado