Guerrilha do Araguaia: mitos e realidade

Acaba de vir à luz mais uma obra que se propõe a analisar a Guerrilha do Araguaia. Apesar das lacunas, das interpretações errôneas e das informações falsas, o livro cumpre o importante papel de divulgar acontecimentos relevantes daquela luta armada e denunciar os crimes praticados pela ditadura militar.

Uma leitura agradável. Essa é a primeira constatação sobre o livro “Araguaia — histórias de amor e de guerra”, do jornalista Carlos Amorim, com 504 páginas, publicado pela Editora Record. Profissional experiente e caprichoso na escrita, o autor produziu um texto de excelente qualidade, revelando nuances não só da Guerrilha como de toda a resistência democrática à ditadura militar. O Araguaia aparece como recheio, com ênfase nos relatos de duas testemunhas oculares dos acontecimentos — José Genoino e Micheas Gomes de Almeida, o Zezinho do Araguaia. Amorim também se apoiou nos relatos de Ângelo Arroyo, um dos líderes daquele movimento armado, e em sua experiência como pesquisador que pisou o chão onde ocorreram os combates.

O livro registra o apoio da população aos guerrilheiros e denuncia as brutalidades da repressão, que utilizou torturas e corrupção para cooptar moradores locais “a granel”. E reforça os argumentos que pedem o fim da impunidade para os atos criminosos cometidos em nome do Estado pelos que assaltaram o poder com o golpe militar de 1964. Outro aspecto relevante da obra é o reconhecimento da bravura e da abnegação dos combatentes, que sacrificaram suas vidas pelo ideal de democracia e liberdade. Com esses ingredientes, Amorim descreve as precárias condições de vida da população local e reafirma a ideia de que a presença dos guerrilheiros na região levou um pouco de justiça às relações entre os camponeses e o despotismo dos grileiros apoiado em jagunços sanguinários.

Segundo o dirigente comunista, Caíque Tibiriçá, o lançamento deste livro no Rio de Janeiro, pela Comissão Estadual da Verdade, com apoio da Fundação Mauricio Grabois – RJ, será no dia 11 de dezembro, às 11 horas, na sede da OAB-RJ – Av. Marechal Câmara, 150, quarto andar – Centro.

 

 

Fonte – Vermelho

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