Entidades pedem troca de nome de presidente da ditadura em avenida

Danyla Martins Da editoria de Política&Justiça

Documento foi entregue ao presidente da Câmara, Anselmo Pereira, por entidades que condenam homenagens a apoiadores do regime militar de 64. Com apoio do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, entidades de anistiados, Comissão da Verdade e Comitê Goiano da Verdade, Memória e Justiça entregaram ao presidente da Câmara, Anselmo Pereira, pedido para que o Poder tome providências para trocar o nome da Avenida Castelo Branco na Capital. O general Castelo Branco foi o militar que assumiu o governo brasileiro, em 64, logo após o golpe de 31 de março que derrubou João Goulart.

 

Em outubro do ano passado, a Câmara aprovou projeto da vereadora Tatiana Lemos, do PCdo B, alterando o nome da Av. Castelo Branco para Avenida Deputado José Porfírio. “José Porfírio foi líder camponês no Estado, que enfrentou a ditadura na luta camponesa de Tromba e Formoso. Até hoje é considerado político desaparecido pela ditadura”, justificou Tatiana a homenagem ao líder camponês.

Para falar sobre o documento entregue ao presidente da Câmara, o jornalista Pinheiro Salles, da Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, disse que essa iniciativa se reveste de importância histórica “porque é uma humilhação para todos nós homenagear um dos tiranos que aviltaram nosso País durante 21 anos da sanguinária ditadura militar”.

Pinheiro lembra a alteração da denominação de logradouros públicos, vias de transporte, edifícios e instituições públicas, sejam federais, estaduais ou municipais faz parte de uma das 29 recomendações da Comissão Nacional da Verdade.

 

Violações

Da tribuna, o jornalista contou os horrores que sofreu no período militar: “Trago em meu corpo as marcas desse tempo de terror”. E completou: “É preciso repudiar essas manifestações públicas que pedem a volta do regime militar. As pessoas precisam ser informadas sobre a história política do País e saber que ditadura representa atraso, violência e constrangimento”.

Como citou a jornalista Laurenice Noleto, da Comissão da Verdade, Pinheiro Salles teve as mandíbulas quebradas, tímpanos estourados e os pulsos cortados pelas cordas do pau-de-arara nos nove anos que esteve preso.

Vários vereadores, como Djalma Araújo, SDD, Tayrone Di Martino, sem partido, Cristina Lopes e Anselmo Pereira, do PSDB, Carlos Soares, do PT, manifestaram favoravelmente ao pedido das entidades que defendem a retirada de nomes de pessoas em praças, avenidas, escolas e prédios públicos ligadas ao regime militar.

Carlos Soares, que intermediou a visita dos ex-presos políticos à Câmara, destacou “a importância de uma luta incessante contra a volta da ditadura ao nosso País. Pinheiro Salles é o símbolo da resistência e luta”.

Ao final, o presidente da Câmara determinou que o documento entregue a ele pelo Sindicato dos Jornalistas fosse protocolado e prometeu se empenhar “no sentido de que essa luta seja intensificada em nossa sociedade, que alterações não fiquem restritas apenas a uma avenida, mas igualmente a prédios públicos, escolas, dentre outros”.

 

 

Fonte –  Portal da Câmara de Goiânia/Diário da Manhã

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