Assassinato de Vladimir Herzog é lembrado em homenagem em sindicato dos jornalistas

Os 40 anos da morte de Vladimir Herzog foram relembrados em um ato público realizado na noite da terça-feira da última semana, 27 de outubro, no auditório que leva o nome do jornalista, dentro do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP), no Centro da capital paulista. O evento contou com a presença de comunicadores que foram presos pelo regime militar e de Audálio Dantas, que presidia a entidade à época do ocorrido.

Como parte da manifestação, foi distribuída uma edição histórica do informativo Unidade (jornal do sindicato), que denunciou a morte de Vlado pelos militares. No telão aparecia a seguinte mensagem: “para celebrar a luta dos jornalistas contra o arbítrio, pela defesa dos direitos humanos, das conquistas trabalhistas, da liberdade de imprensa e relembrar a memória de Vladimir Herzog, símbolo desta luta, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo presta aqui sua homenagem”.

Segundo André Freire, secretário geral do SJSP, no momento em que Herzog foi morto havia nas celas do DOI-Codi (Destacamento de Operações Internas – Centro de Operações de Defesa Interna) 11 jornalistas detidos: Anthony de Christo, Diléa Frate, Fred Pessoa, George Duque Estrada, Luis Paulo Costa, José Vidal Pola Galé, Marinilda Marchi, Paulo Markun, Ricardo de Moraes Monteiro, Rodolfo Konder (in memorian) e Sérgio Gomes. Freire explicou que a data de 27 de outubro foi escolhida para a manifestação, pois neste dia os jornalistas reunidos no sindicato determinaram que o auditório de sua sede passaria a se chamar Vladimir Herzog, em homenagem ao colega assassinado. Ao final da leitura, Freire chamou à frente os jornalistas que iriam discursar. Na bancada estavam Paulo Zocchi (atual presidente do SJSP), Amadeu Mêmolo, Audálio Dantas, Sérgio Gomes, Rose Nogueira e Nemércio Nogueira.

Audálio Dantas participou de evento que relembrou o assassinato de Vlado (Imagem: Junior Celestino*)

O primeiro a falar foi Audálio. Ele lembrou do momento em que recebeu a notícia do que tinha acontecido ao companheiro, e que sabia que não se tratava de um suicídio. “Sabia que eles tinham matado o Vlado”. Com a veemência de um sindicalista, ele se lembrou do papel que teve o SJSP na luta pela democracia. “Os protestos nas ruas se iniciaram quando os militares começaram a prender os jornalistas e depois da morte de Vlado. E foi no sindicato que o movimento ganhou força, porque denunciamos toda essa situação. Nunca aceitamos a notícia de que Vlado teria se matado. Foi a primeira vez que as pessoas perderam o medo e foram às ruas”.

Um dos discursos mais emocionantes foi o de Rose Nogueira, atual diretora do SJSP. Com os olhos marejados, ela falou que aprendeu a fazer TV com a ajuda de Vlado. “Quando entrei na redação do ‘Hora da Notícia’ mal sabia segurar um microfone. Eu já tinha trabalhado em jornais e revistas, e decidi continuar na televisão, quando um dia Vlado me disse: fique na TV, você leva jeito”, relatou Rose, que era chefiada por Vladimir Herzog na TV Cultura, emissora onde o telejornal era exibido.

Amadeu Mêmolo, presidente da Associação Paulista dos Jornalistas Veteranos, mostrou ao público a homenagem que trouxe em nome da instituição. A entidade fez uma carteira de associado para Vladimir Herzog, que foi ampliada e inserida em uma moldura. Ainda como parte do ato, o sindicato fez uma placa em homenagem a Vlado e aos demais jornalistas presos pelo regime. A placa foi fixada no auditório, após um breve discurso de alguns dos profissionais que ficaram encarcerados.

(*) Integrante do projeto ‘Correspodente Universitário’ do Portal Comunique-se. Estudante do segundo semestre do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação do Povo de São Paulo (Fap-SP).

 

Fonte – Comunique-se

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