40 anos após o assassinato de Vlado, IVH relembrou a história do jornalista e segue lutando pelos direitos humanos

Seminário internacional sobre violência contra as mulheres e ato inter-religioso na Catedral da Sé foram destaques da programação ao longo do ano, além da continuidade do programa de educação em Direitos Humanos em escolas municipais de São Paulo.

 

No ano em que o assassinato do jornalista Vladimir Herzog completou 40 anos, o Instituto Vladimir Herzog realizou uma série de atividades para não apenas relembrar esse importante episódio na História do país, mas também para continuar propagando os valores da democracia, da liberdade de expressão, da verdade e da dignidade humana.

 

Em março, o projeto “Respeitar é Preciso!” atingiu o importante objetivo de entregar às escolas municipais parceiras o material elaborado pela equipe do Vlado Educação. São cinco cadernos com orientações gerais para o desenvolvimento da educação em direitos humanos, com destaque para os seguintes temas: democracia na escola, igualdade e discriminação, respeito e humilhação e sujeitos de direito. Ao longo do ano, o projeto permaneceu atuante, com acompanhamento mensal nas escolas, além de encontros dos educadores e de representantes das comunidades do entorno.

 

O IVH também protagonizou duas iniciativas para a preservação da memória. Em março, a família Herzog doou fotos, documentos e matérias publicadas nos últimos 40 anos sobre o caso Herzog para o Centro de Documentação e Memória da Unesp. A intenção é catalogar e disponibilizar o material para acesso público. Mais tarde, em setembro, a exposição “Resistir é Preciso…” entrou para o acervo do Google Cultural Institute, uma plataforma que reúne instituições, museus e exposições do mundo inteiro. Com isso, a exposição organizada pelo IVH, que entre 2013 e 2014 recebeu mais de 350 mil visitantes em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, agora pode ser acessada, digitalmente, no mundo todo.

 

Em maio, em parceria com o Instituto Patrícia Galvão, o IVH realizou o 1º Seminário Internacional Cultura da Violência Contra as Mulheres. Inovador, o evento reuniu especialistas, ativistas, representantes de organismos e instituições nacionais e internacionais para debater questões fundamentais para o enfrentamento da violência em suas diversas formas e abordagens. Entre outros nomes, destaque para as presenças da ministra Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) e da então ministra Luiza Bairros (Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

 

2015 também marcou os 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Para relembrar essa data, o IVH e diversas outras entidades parceiras realizaram uma série de atividades. Entre elas, em agosto, um concerto na Sala São Paulo regido pelo maestro João Carlos Martins, que contou ainda com a participação especial da atriz Fernanda Montenegro, que interpretou um texto sobre democracia e liberdade de expressão.

 

Já em outubro, no dia 25, a Catedral da Sé recebeu um grande ato inter-religioso e reuniu milhares de pessoas. Com cerca de 800 cantores e mais de 20 corais, a multidão cantou músicas que marcaram a resistência à ditadura, como “Pra não dizer que não falei das flores” e “O bêbado e a equilibrista”. O evento aconteceu no mesmo local da celebração em memória do jornalista, ocorrida em 31 de outubro de 1975,  conduzida pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor James Wright, que reuniu oito mil pessoas na mesma Catedral e em seu entorno, para protestar contra a barbárie cometida pela ditadura militar, que vigorava no país desde 1964.

 

Considerado um dos mais tradicionais e respeitados prêmios de jornalismo do país, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos celebrou, em outubro, sua 37ª edição. Com 612 trabalhos inscritos – recorde da década – a cerimônia no Tuca premiou nomes importantes do jornalismo, como, por exemplo, Leonêncio Nossa, de “O Estado de S. Paulo”, vencedor na categoria Jornal com uma reportagem sobre a Amazônia.

 

Na mesma noite, foi celebrada também a 7ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão. Especialmente voltado aos alunos de jornalismo, o prêmio recebeu, neste ano, a inscrição de mais de 200 estudantes, oriundos de 17 estados do Brasil. A equipe da Universidade do Vale do Rio Sinos (RS) foi a grande vencedora e, como premiação, irá realizar, em 2016, uma viagem de estudos para Berlim.

 

O ano marcou também o lançamento de dois novos livros da Editora Instituto Vladimir Herzog. “Um menino chamado Vlado”, escrito pela historiadora Marcia Camargos, é uma biografia de Vladimir Herzog especialmente voltada para o público infanto-juvenil. Mesclando ficção e realidade, a obra parte de depoimentos feitos por familiares, colegas de escola, de militância e de profissão, para resgatar a vida de Vladimir Herzog desde sua infância na Itália, abordando também sua formação e suas atividades além do jornalismo. Já “Pássaro sem rumo – Uma Amazônia chamada Genésio”, foi escrito por Genésio Ferreira da Silva, testemunha-chave do assassinato do seringueiro Chico Mendes. O livro narra as esperanças e os desesperos do autor em uma Amazônia que continua ameaçada pelo poder econômico, como nos tempos de Chico Mendes.

 

 

Fonte – Instituto Vladimir Herzog

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