Militantes dos direitos humanos recebem com elogios lista definida pelo governador. Senador Jarbas vai prestigiar a instalação da comissão, na próxima sexta
O anúncio dos nomes dos nove integrantes que vão atuar na Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, feito no domingo (27) pelo governador Eduardo Campos (PSB), agradou às entidades da área de defesa dos direitos humanos do Estado. Ao contrário da polêmica que marcou a indicação dos membros da Comissão Nacional da Verdade – pela avaliação de que o grupo teria um caráter demasiado jurídico e sem representação dos movimentos sociais – no âmbito de Pernambuco as escolhas foram elogiadas exatamente pela sua ligação estreita com ex-militantes ou seus familiares.A comissão é composta por Fernando Coelho (ex-deputado federal e advogado ligado aos direitos humanos), Henrique Mariano (presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-PE), Humberto Vieira de Melo (advogado), Roberto Franca (procurador e um dos fundadores do Gabinete de Apoio Jurídico às Organizações Populares–Gajop), Manoel Moraes (professor da disciplina de Direitos Humanos), Socorro Ferraz (historiadora e professora), Nadja Brayner (professora aposentada e ex-integrante do Comitê Brasileiro da Anistia), Pedro Eurico (ex-deputado e advogado da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife), e Gilberto Marques (advogado, ligado ao Gajop).
“A escolha foi feliz e coerente. São pessoas comprometidas de fato com o resgate da história”, analisou a secretária de Direitos Humanos do Recife, Amparo Araújo, uma das fundadoras do Movimento Tortura Nunca Mais. Segundo ela, nesse formato, a comissão deverá atender aos objetivos propostos, de apurar informações e esclarecer denúncias de torturas, mortes e desaparecimentos de ex-combatentes da ditadura em Pernambuco.
Análise semelhante foi feita pelo advogado Marcelo Santa Cruz, da Comissão Nacional de Familiares de Mortos e Desaparecidos. Segundo ele, todos os nomes receberam o aval dos movimentos sociais. Alguns, inclusive, estavam na lista apresentada por eles ao governador, como Manoel Morais, Nadja Brayner e Roberto Franca.
Ex-preso político, o jornalista Marcelo Mário de Melo também se disse satisfeito com as indicações, “de um modo geral”. Ele faz restrições ao currículo de alguns integrantes, mas não acredita que elas venham a comprometer os trabalhos.
Autor do substitutivo ao projeto que criou a comissão, o deputado Waldemar Borges (PSB) afirmou que os nomes atendem aos pré-requisitos da lei. “Todos têm compromisso com a verdade e com o objetivo da comissão, de apurar os fatos ocorridos nos períodos de exceção no Estado, sem revanchismos”, disse.
JARBAS PRESENTE
Assim como fez a presidente Dilma – convidou os ex-presidentes para a posse da Comissão Nacional da Verdade –, o governador Eduardo Campos (PSB) decidiu convidar seus antecessores para a cerimônia em que empossará os integrantes da comissão estadual, sexta-feira, no Palácio. O senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), antigo adversário político e com quem Eduardo vem se reaproximando, vai participar, assim como o deputado peemedebista Raul Henry.