Familiar não tem rancor de torturador

Vez por outra a história volta para acalentar os amargurados ou justificar aqueles que colocaram nos livros, o que sabemos hoje. O livro ‘Memórias de Uma Guerra Suja’ (Ed. TopBooks), do hoje pastor evangélico Claudio Guerra mexe numa ferida ainda latente no país.

Lisboa é lembrado até hoje como referência na luta democrática

Ele é ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), do Estado do Espírito Santo, e assume com todas as letras que foi torturador durante o regime militar brasileiro e matou o militante político alagoano Manoel Lisboa.

Fundador do Partido Comunista Revolucionário, Manoel Lisboa foi um dos expoentes da resistênia contra a ditadura e consequentemente preso, torturado e morto pelo regime. Hoje, com a identificação do algoz de seu tio, Alfredo Lisboa, engenheiro civil de 52 anos, fala em paz entre inquisidores e familiares dos mortos da ditadura.

“É interessante pelo ponto da vista da história. Mas o que passou, passou. É o meu ponto de vista. Não quero perseguição de ninguém, pois estaríamos fazendo o mesmo que eles fizeram. Não há rancor”, salientou Alfredo Lisboa. Ele foi um dos que trouxeram os restos mortais de Manoel Lisboa para Alagoas. “Muitas famílias querem apenas o direito de enterrar seus filhos desaparecidos”.

O atual presidente do PCR, partido fundado por Manoel Lisboa, Magno Francisco da Silva, destacou que é fundamental essa elucidação dos fatos que ocorreram na escuridão da ditadura. Magno também é dirigente do Centro Cultural Manoel Lisboa, criado para dar continuidade à luta política do revolucionário. Para ele, o governo federal ainda tem se posicionado de modo recuado a respeito dos arquivos secretos.

“A verdade sobre nossa história é prejudicada com esse silêncio. A abertura dos arquivos vai ajudar a esclarecer e assim apontar os torturadores e quem sabe até puní-los”, ressaltou Magno.

O dirigente do PCR fez questão de destacar que Alagoas foi o estado que, proporcionalmente, perdeu mais militantes políticos. “Temos pelo menos nove alagoanos mortos”.

 

Fonte – Tribuna Hoje

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