— Como o sr. recebeu a informação sobre o que ocorreu com seu pai?
— Foi como um raio. É complicado chorar uma morte depois de tanto tempo. Eu, que tinha um ano e meio quando ele foi preso, me vi chorando. O livro só reforça a necessidade do início dos trabalhos da Comissão da Verdade. É preciso checar, por exemplo, se a tal usina recebeu favores do regime militar.
— O sr. quer a punição de quem matou seu pai?
— Minha posição deve ser minoritária entre parentes de vítimas, mas não busco a punição. Esta possibilidade foi extinta pela Anistia, não há punição para crimes cometidos há 40 anos. Punição é fazer com que torturadores admitam a verdade para seus filhos e netos, a memória deles é que ficará comprometida.
— Como o sr. avalia as investigação do Ministério Público?
— A tese do crime continuado (os sequestros que não acabaram) é boa, ajuda a viabilizar as investigações. Mas não há mais como punir os culpados.