Comissão da Verdade discute detalhes do assassinado do Padre Henrique

Detalhes da militância política do padre assassinado durante o regime militar, Antônio Henrique Pereira Neto, ou simplesmente Padre Henrique, suscitou debates acalorados hoje, durante audiência da Comissão da Verdade de Pernambuco.

Durante o encontro, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), foi ouvido o padre Ernani, que atuou ao lado do religioso durante os anos de chumbo. Padre Henrique foi assassinado por militares em 1969.

A reunião, iniciada em clima amistoso, se tornou tensa após o advogado criminalista e membro da comissão, Gilberto Marques, questionar o porquê da mudança ocorrida durante o inquérito policial, que foi convertido em inquérito judicial ainda na fase de apuração.

O questionamento fez com que as pessoas que acompanhavam o encontro rompessem o silêncio e disseram que os militares ameaçavam os familiares do Padre Henrique, a ponto de dois irmãos dele terem que passar dois anos desaparecidos para não serem torturados ou mortos.

Outra denúncia apresentada durante a audiência foi a de que a polícia teria “implantado” drogas e outras coisas ilícitas na casa do padre para que fosse preso. O Padre Henrique foi assassinado com dois tiros na cabeça por militares por causa da sua militância ao lado do arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara.

O caso foi lembrado, durante a audiência, pela professora Socorro Ferraz. A exposição oral dela foi reforçada pelo Padre Ernani. Ele lembrou momentos de luta do religioso assassinado. “Ele costumava abrigar e aconselhar procurados políticos. Na sua morte, mas de 10 mil pessoas se manifestaram após o sepultamento”, recordou Padre Ernani.

A comissão pretende investigar mais outros 40 casos prioritários. Visando esta intenção, o advogado Roberto Franco declarou que faria um ofício solicitando documentos pertencentes à CNBB podem esclarecer outros casos da ditadura.

 

Fonte – Diário de Pernambuco

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