Comissão revela documentos sobre morte do padre Henrique

O argumento da ditadura militar de que o assassinato de padre Antônio Henrique Pereira Neto, em 26 de maio de 1969, foi um crime comum perdeu a sustentação. Com base em documentos confidenciais do Serviço Nacional de Informação (SNI) e do Centro de Informações da  Marinha (Cenimar), jamais divulgados, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara afirmou nesta segunda-feira (22) não ter dúvidas do caráter político do crime. E que teria sido praticado por quatro pessoas. O nome dos acusados aparecem pela primeira vez em um documento confidencial do regime militar.

Os implicados, cujos nomes constavam no inquérito conduzido pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), seriam Rogério Matos do Nascimento, Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues, na época com 17 anos, Rivel Rocha e Humberto Serrano de Souza Esses dois últimos eram investigadores da Polícia Civil. E o nome deste nunca apareceu ao longo do processo que apura a morte do padre, que era assistente da arquidiocese para a juventude. Rivel, conhecido como Cabo Rocha, faleceu.

Dos quatro indicados apenas Rogério chegou a ser denunciado e preso. A retirada do nome dos outros, segundo a Comissão da Verdade, aconteceu com a intervenção do Ministério da Justiça no caso. O então ministro Alfredo Buzid enviou ao Recife um consultor jurídico que, conforme os documentos, conseguiu modificar o rumo dos indiciamentos junto ao promotor de Justiça José Ivens Peixoto de Carvalho.

Entre as provas de que o crime seria político, segundo o relator do processo, o advogado Henrique Mariano, estaria o documento recolhido pelo Cenimar  na sede da Equipos Docentes de América Latina (EDAL) e, em  Fortaleza (CE). O nome de padre Henrique aparece na lista dos integrantes da EDAl. Essa instituição, segundo o documento do Cenimar, recomendava aos seus membros que se engajassem com profundidade na vida social, econômica e política nos locais onde viviam.

 

Fonte – Diário de Pernambuco

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