O Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região (MG) realizou ato em homenagem aos 45 anos da greve operária de 1968 em Contagem.
A greve de 1968
A greve de 1968 foi um das primeiras greves operárias no regime militar e, por esse motivo, ficou marcada na história do sindicalismo brasileiro. A greve nasceu na antiga Belgo e rapidamente se estendeu para outras fábricas da região. Os trabalhadores cruzaram os braços durante mais de uma semana em protesto contra o arrocho salarial imposto pela ditadura.
A greve só acabou depois que o governo militar anunciou um reajuste nos salários dos trabalhadores de todo o Brasil de 10% e uma comissão de deputados federais esteve em Contagem, para garantir de que não haveria represálias ou perseguições contra os grevistas.
Em março de 1968 a presença de nada menos que dois mil trabalhadores durante a criação do Comitê Intersindical Anti-arrocho em Minas Gerais deixou clara a disposição de luta da classe operária mineira. Poucos dias depois eclodiu em Contagem, um dos principais centros industriais do Estado, o primeiro grande movimento de resistência dos operários à política econômica do ??regime.
A greve começou no dia 16 de abril, quando pararam 1200 trabalhadores da siderurgia Belgo-Mineira. A reivindicação era de aumento imediato de 25% nos salários, mas os patrões limitavam-se a oferecer apenas 10% que, ainda por cima, seria descontado na data-base.
A fim de tentar retomar o controle o ministro do trabalho, o coronel Jarbas Passarinho, tentou de várias formas conter o movimento. Ele apelou para que os líderes sindicais explicitassem aos trabalhadores o perigo daquelas medidas e visitou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Minas Gerais chegando a comparecer em uma assembleia geral enfrentando os grevistas.
Foram tentativas fracassadas de intimidação e contenção de movimento, que só se expandia somando quase 20 mil operários grevistas.
A persistência dos trabalhadores provocou uma violenta reação do governo. A polícia militar ocupou as ruas de Contagem reprimindo qualquer tentativa de assembleias e aglomerações operárias. Os patrões aproveitaram para convocar os trabalhadores nas suas próprias casas, sob a ameaça de demissão sumária e por justa causa. Mesmo nesta tensão os operários resistiram ainda alguns dias. Tal demonstração de força e coragem incentivou organizações que se opunham à ditadura, alimentando o sonho de liberdade e justiça social.