Padrinho de casamento de Ustra saberia o destino de desaparecidos durante a ditadura militar

Roberto Artone era conhecido no Destacamento de Operações de Informações

Um sargento do Exército pode ser a chave para revelar o destino de 13 desaparecidos políticos e as circunstâncias das mortes de pelo menos outros 14 militantes de organizações de esquerda nos anos 1970. Trata-se de Roberto Artone, padrinho de casamento do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Conhecido no DOI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército pelo nome de Pedro Aldeia, Artone era homem de confiança de Ustra, o comandante do órgão de 1970 a 1974, e do capitão Ênio Pimentel da Silveira, que foi chefe da Seção de Investigação do destacamento.

A identidade de Artone foi revelado ao jornal O Estado de S. Paulo por agentes que trabalharam no DOI. O Ministério Público Federal apura seu suposto papel nas mortes, em 1973, do guerrilheiro Antônio Carlos Bicalho Lana e de sua companheira Sônia Maria Moraes Angel Jones e no desaparecimento em 1974 do casal Wilson Silva e Ana Kucinski – os quatro militavam na ALN (Ação Libertadora Nacional), grupo fundado pelo ex-deputado Carlos Marighella.

Artone era amigo do ex-sargento do Exército Marival Chaves, uma das principais testemunhas ouvidas pelos procuradores e pela Comissão Nacional da Verdade, sobre abusos no regime militar. Artone rompeu com o amigo depois de Chaves ter revelado o sequestro e morte de quase duas dezenas de integrantes do PCB e da ALN.

A importância de Artone se deve ao fato de ele ser um dos últimos sobreviventes do núcleo duro do DOI. Em 2011, por exemplo, morreu o sargento João de Sá Cavalcante Neto, o agente Fábio, outro importante homem das operações sigilosas do DOI. Além dos sargentos, três oficiais conheceriam esses segredos: Ustra e os já falecidos capitães Ênio, o Doutor Ney, e André Leite Pereira Filho, o Doutor Edgar.

Ustra será ouvido nesta sexta-feira (10) pela Comissão Nacional da Verdade. Ele teria conhecimento das atividades da Seção de Investigação. Responsável pela prisão de pessoas marcadas para morrer, a seção também controlava os informantes – militantes que passaram a trabalhar para o DOI. Artone e Sá mantinham contatos com os informantes. Artone não dá entrevistas sobre o passado.

 

Fonte – R7

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *