A atual coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Rosa Cardoso, considerou nesta terça-feira justas as críticas feitas por familiares de perseguidos da ditadura ao trabalho do colegiado e disse que o número de integrantes da comissão é pequeno para atender a todas as demandas. Em carta enviada no último domingo à CNV, os familiares reivindicam mudanças na estrutura da comissão e mais transparência.
— Eu concordo com as críticas. Sempre concordo com críticas justas — reagiu Rosa.
Segundo ela, a recomposição da CNV é uma questão emergencial e indispensável para melhorar a atuação do colegiado. Já há recursos disponíveis para a contratação de pesquisadores para reforçar a equipe.
— Eles pedem a recomposição da comissão em seus sete membros, que é um número pequeno (de integrantes) para atender as tarefas nacionais. Ir a todos os estados, dar conta de todos os eventos em que é solicitada a nossa presença. Então, a recomposição é uma exigência absolutamente justa e não pode ser postergada.
Entre os pedidos dos familiares está o retorno de Cláudio Fonteles, ex-coordenador do grupo, para substituir Gilson Dipp, que deixou a comissão por motivo de saúde. Rosa acredita que a presidente Dilma Rousseff nomeie os novos integrantes da CNV (duas das sete cadeiras estão vagas) ainda esta semana.
— Estou esperando que isso aconteça a qualquer momento. Acho que esses eventos políticos e muitas manifestações exigiram uma resposta do governo prioritária, porque envolve o destino de muitos brasileiros, mas acho que as reivindicações dos familiares das vítimas são certamente uma exigência que ela vai atender e se dedicar. Espero que seja o mais rápido possível. Talvez ainda nesta semana — disse a coordenadora.
Rosa acompanhou nesta manhã, na capital paulista, uma reunião do grupo de trabalho da CNV que apura violações cometidas pelo regime militar contra militantes sindicais. O grupo anunciou um ato para o próximo dia 22, em São Paulo, em homenagem aos 30 anos da greve geral de 1983. Há pressão das entidades sindicais para que empresas públicas e privadas sejam obrigadas a pagar indenizações a trabalhadores perseguidos na ditadura.
A CNV estuda a viabilidade desse tipo de reparação, ainda inédita no Brasil. A comissão promete divulgar na próxima semana documentos que mostrariam uma relação estreita entre o Exército e a Aeronáutica e diversas empresas, que culminou em perseguição, prisão e até morte de funcionários que tinham atividades sindicais.
Fonte – O Globo