Uma resposta a Dom Dadeus Grings

Dia 4/7/2013, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, referiu-se, na sua coluna no Jornal do Comércio, sob o título “Comissão da Vingança”, sobre a forma como a opinião pública estaria vendo a Comissão da Verdade.

Dom Dadeus, em seu artigo, em nenhum momento aponta fatos ou atitudes da Comissão da Verdade Nacional, da Comissão da Verdade do Rio Grande do Sul ou de quaisquer outras comissões para provar suas afirmações. Seus argumentos são de outra ordem. Começa afirmando que “muitas vezes se apela para a violência como solução dos problemas, sobrepondo os instintos ao uso da razão, à força amigável do acordo”, e faz referência à violência norte-americana no Iraque. O senhor tem razão, foi exatamente isso que aconteceu no Brasil quando, durante o período do regime militar, se prendeu, se torturou e se matou, simplesmente porque as pessoas tinham outras ideias e ideologias, em nome de uma fúria vingativa. Não sei onde o senhor estava nessa época, mas na Igreja Católica no Brasil muito foram os que se sacrificaram pela democracia, pela defesa dos direitos humanos, pela luta contra a barbárie que se instalou no Brasil. Hoje, estão junto a nós dando depoimentos, esclarecendo o que aconteceu, principalmente nas regiões rurais do País. É verdade que alguns se calaram.

 

Portanto, nós sabemos, sim, o que é radicalismo e estamos nas Comissões da Verdade, não por vingança, mas para restabelecer a verdade, para que o uso da força irracional não tenha mais espaço na História do Brasil. Não somos a comissão da vingança, somos a Comissão da Verdade, estamos lutando com muita força, com muito espírito público e solidário para que os brasileiros e as brasileiras saibam sua história. Este país é uma democracia, tem uma constituição,  tem leis, tem três poderes constituídos e tem uma opinião pública. Não vamos fraquejar, pois não confundimos lei, justiça e verdade com vingança. Deixar tudo como está em nome de uma pretensa “paz” é se comprometer com aqueles que prenderam, torturaram e mataram uma geração de jovens. É escolher um lado, e este não é o nosso.

 

Fonte – Jornal do Comércio

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