“Se a comissão nacional demorou para ser instalada [em novembro de 2011], imagine a daqui. A de Pernambuco já tem mais de um ano funcionando”, disse o cientista político Joviniano Neto, um dos sete nomes do grupo.
No final de 2012, a comissão nacional já havia divulgado texto afirmando que Marighella foi morto sem esboçar reação ou tentar pegar em alguma arma, contrariando a versão oficial.
Os baianos querem se aprofundar ainda mais no assunto e, paralelamente, montar um memorial da resistência em Salvador, que vai homenagear o guerrilheiro e levantar documentos e depoimentos sobre a repressão na cidade e no interior.
Ao todo, o Estado possui 32 mortos ou desaparecidos em “circunstâncias estranhas”, como também os casos de Iara Iavelberg, mulher do guerrilheiro Carlos Lamarca (1937-1971), e João Leonardo Rocha, um dos 15 presos políticos trocados pela libertação do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, sequestrado em 1969.
A comissão pretende ouvir vítimas e pessoas acusadas ou suspeitas de participação nos abusos, e requisitar documentos que ajudem a compreender os fatos.
Além de auxiliar o grupo nacional, terá dois anos para apresentar um “relatório à sociedade” com recomendações para “aprimorar” as instituições públicas, sobretudo as de segurança pública.
Os trabalhos foram divididos em temas, como “censura a jornalistas e estudantes”, e promoverá audiências em dez municípios.
Também presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Joviniano Neto diz esperar por reforços de pessoal, além dos cinco assessores cedidos pelo gabinete do governador.
“A história do Brasil não pode ser contada sem o que aconteceu na Bahia e com os baianos. Agora a própria comissão nacional adquire mais sentido”, afirmou.
Fonte – Folha de S.Paulo