Peritos da PF e da CNV inspecionam jazigo de Jango

Peritos da Polícia Federal e do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal inspecionaram hoje em São Borja o jazigo da família Goulart e constataram a integridade do local de sepultamento do ex-presidente.

Os peritos fotografaram e tomaram medidas do túmulo e da distância do jazigo até a entrada do cemitério Jardim da Paz. Foram feitas ainda fotos do jazigo em vários ângulos para a elaboração de um croqui em 3D pela Polícia Federal.

Os peritos coletaram também informações em áudio e vídeo do testemunho dos pedreiros do cemitério Vitelmo Gonçalves Ortiz e Carlos Ney da Silva, os quais prestaram informações acerca das características internas do túmulo e sobre as ocasiões em que o jazigo foi aberto, depois de 1976 (ano da morte de Jango), para os enterros de Brizola e outros familiares de Jango.

O jazigo, informaram, tem cerca de 3 metros de profundidade e duas galerias. De um lado está Leonel Brizola e sua esposa, Neusa (irmã de João Goulart). Do outro lado Goulart e seus familiares.

A inspeção constatou que não havia sinais de abertura ou violação recentes, mas há falhas de vedação que podem indicar infiltração por água das chuvas. As informações colhidas serão debatidas na reunião dos peritos que trabalharão no caso, prevista para setembro, em Brasília.

REUNIÃO EM SÃO BORJA – A Comissão Nacional da Verdade, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Polícia Federal e a família Goulart apresentaram hoje de manhã ao povo e às autoridades de São Borja detalhes técnicos sobre a missão preparatória e sobre a exumação e as perícias que serão realizadas nos restos mortais do presidente João Goulart.

Para os órgãos envolvidos não há dúvida que o presidente João Goulart foi monitorado pela Operação Condor, um plano de apoio mútuo entre as ditaduras do cone sul, usado para eliminar adversários políticos destes regimes e que Jango pode ter sido alvo de um plano de assassinato, como relata o ex-agente uruguaio Mario Neira Barreira, e como sugerem documentos relativos ao monitoramento, que alcançou também a família do presidente. Por isso está comprovada a necessidade de exumar o presidente, conforme o desejo manifestado pela família.

A CNV, a SDH, a PF e a família Goulart foram recebidos na sede da prefeitura pelo prefeito Farelo Almeida, pelo presidente da Câmara de Vereadores de São Borja, Roque Feltrin, por vereadores, secretários municipais, moradores da cidade e a imprensa.

Todos os órgãos envolvidos na exumação de Jango e a família Goulart esclareceram as principais dúvidas dos representantes e moradores da cidade, que apoiam a exumação, mas que desejam o retorno dos restos mortais à cidade após os trabalhos periciais:

– os restos mortais do ex-presidente, após a análise em Brasília, por peritos nacionais e estrangeiros, voltarão à São Borja;

– uma comissão municipal participará do processo de exumação e representantes da cidade estarão presentes na reunião pericial a ser realizada em Brasília, no próximo dia 17 de setembro;

– uma audiência pública será realizada em São Borja pela CNV e demais organismos envolvidos no processo de exumação e esclarecimento das circunstâncias da morte do ex-presidente na véspera do procedimento. Na audiência será firmado um compromisso público para o retorno dos restos mortais à cidade após o trabalho pericial.

São Borja é conhecida como a terra dos presidentes, pois foi onde nasceram os ex-presidentes da República Getúlio Vargas e João Goulart. Na cidade, além de Vargas e Goulart, também está sepultado Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, líder da campanha da legalidade, que permitiu que Jango assumisse o poder em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. Na cidade funciona o museu Casa João Goulart. A prefeitura chama-se Palácio Presidente João Goulart.

Às 14h, peritos da Polícia Federal e os peritos requisitados pela CNV, com o apoio da Polícia Militar do Rio Grande do Sul e da prefeitura de São Borja farão os trabalhos preparatórios para a exumação no cemitério Jardim da Paz. O trabalho é necessário para a logística de traslado e para a preservação e segurança do jazigo até a data da exumação.

 

 

 

Fonte – Comissão Nacional da Verdade Assessoria de Comunicação

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