Também foi lançada a quarta parte da coleção Galeria F – Lembranças do Mar Cinzento
Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Maurício Garcia e Yara Lopes. Documentário As Asas Invisíveis do Padre RenzoNa 69ª audiência pública da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), foi exibido o documentário As Asas Invisíveis do Padre Renzo. Produzido por José Felippi, com base no livro de mesmo nome do jornalista e ex-preso político Emiliano José da Silva, o filme relata a trajetória do padre italiano Renzo Rossi.
Na audiência pública também houve o lançamento da quarta parte da coleção Galeria F – Lembranças do Mar Cinzento, de Emiliano José. A Galeria F era o local onde ficavam os prisioneiros políticos no presídio Lemos Brito, em Salvador, onde o autor ficou preso.
Emiliano José narrou o processo de produção e gravação do filme. “Não é um filme comercial, é um depoimento para nossa história”, disse. Foram gravar em Florença, onde Renzo vivia, e depois o trouxeram ao Brasil, onde ficou de julho a setembro de 2012, quando reencontrou ex-prisioneiros políticos em São Paulo e em Salvador.
Em novembro do ano passado, Renzo descobriu estar com câncer. “Infelizmente”, contou Emiliano, “ele não conseguiu ver o filme pronto, pois faleceu em março deste ano, aos 87 anos”. A primeira exibição do documentário foi em Florença, e sua atuação no Brasil surpreendeu seus pares da igreja italiana.
Pombo-correio
Padre Renzo (1925-2013) chegou ao Brasil em 1965, passando a trabalhar na capelinha de São Caetano, um bairro miserável de Salvador. Sua relação com os prisioneiros começou por acaso, ao entregar uma carta a um preso de origem italiana no presídio Tiradentes, em São Paulo, em 1970.
Renzo, apesar do risco de prisão e morte, tornou-se “um pombo-correio entre os presídios”, disse Emiliano. Dedicou vários anos de sua vida visitando e dando assistência e apoio emocional a presos políticos e seus familiares em 14 presídios espalhados pelo Brasil. Em 1978, ainda foi à Europa para divulgar a causa da anistia política.
“Além de suas convicções religiosas, padre Renzo fez política, atuando como uma ponte entre pessoas muito diferentes. Ele ia aprender com a gente e tornou-se grande amigo de todos nós, de todas as organizações de esquerda”, disse Emiliano José.
“O documentário, além de seu conteúdo político é um ensaio sobre as questões humanas, uma história belíssima da condição humana”, disse o ex-preso político Paulo Vannucchi. Também estavam presentes à reunião da Comissão da Verdade Geraldo Moraes e Solange Lima, que participaram da elaboração do filme.
Fotos do evento da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo