Na última quarta-feira (10) o Centro de Documentação e Memória (CDM) da Fundação Maurício Grabois entregou à Comissão Nacional da Verdade mais de 150 horas de entrevistas de 52 militantes que atuaram na resistência à ditadura militar.
Esse trabalho foi feito no âmbito do projeto “Repressão e Direito à Resistência – os comunistas na luta contra a ditadura (1964-1985)” do Projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça durante 2011 e 2012. Além das entrevistas desse projeto foram digitalizados exemplares do jornal A Classe Operária entre 1967 e 1988; toda a coleção do jornal Tribuna da Luta Operária (1979-1988), além de fotos e cartazes.
As entrevistas de militantes, sobretudo, da Ação Popular (AP) e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) trazem à tona a oralidade que ajuda a construir essa história que, por conta da segurança dos indivíduos e das organizações, não foi possível, no geral, guardar documentos escritos sobre a resistência à ditadura.
Além da resistência, o processo de reorganização do PC do Brasil, principalmente nos anos 1960, é bastante abordado nas entrevistas. Seus processos internos, opiniões e trajetória nos mais diversos âmbitos da militância política e social são tratados a partir das experiências individuais desses militantes. Dessas particularidades é possível exemplificar os assassinatos dos membros da Comissão Nacional de Organização em 1972-73, a Guerrilha do Araguaia (1972-74) e a chacina da Lapa, em 1976.
Este material pode contribuir com a Comissão Nacional da Verdade, na produção do seu relatório final, na busca da verdade, justiça e reparação. A democracia brasileira não pode dar passos à frente sem que os corpos dos militantes comunistas e não comunistas sejam encontrados e entregues às suas famílias para honrada sepultura; os arquivos de Estado relativos à repressão não podem continuar desconhecidos pelo conjunto do povo brasileiro; e a famigerada lei de anistia tem de refletir o mais alto conceito de justiça julgando e condenando os executores de crimes de lesa-humanidade.
Fonte – Portal Fundação Mauricio Grabois