Militante do MR-8, desaparecido em outubro de 1971 no Rio de Janeiro, foi sepultado como indigente no Cemitério de Ricardo de Albuquerque (RJ)
Escobar foi detido em Nova Iguaçu (RJ) entre o fim de setembro e início de outubro de 1971
Pesquisa desenvolvida pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) nos arquivos do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Identificação Félix Pacheco (IIFP), com a cooperação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, levou ao esclarecimento das circunstâncias do desaparecimento e à identificação de Félix Escobar, militante da organização MR-8 detido em Nova Iguaçu (RJ) entre o final de setembro e início de outubro de 1971.
Félix Escobar é o quarto desaparecido político identificado pela CNV. Além de Escobar, foram identificados Joel Vasconcelos Santos, Paulo Torres Gonçalves e Epaminondas Gomes de Oliveira.
Levantamentos em fichas datiloscópicas e outros documentos relacionados a pessoas sepultadas como indigentes em cemitérios no Rio de Janeiro possibilitaram a identificação de Félix Escobar como sendo um homem branco, de aproximadamente 45 anos e de cerca de 1 metro e 64 centímetros de altura, recolhido como vítima de atropelamento da rua Aniquirá, no bairro carioca de Cordovil, em 3 de outubro de 1971, e sepultado como indigente em 20 de outubro daquele ano, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, no Rio de Janeiro.
O laudo de identificação de Félix Escobar foi assinado pelo perito Ricardo Santoro, do Instituto de Identificação Félix Pacheco, e finalizado em 12 de dezembro de 2014, dois dias após a entrega do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade.
Os resultados da investigação da CNV confirmam testemunhos de dois ex-presos políticos que conviveram com Escobar: César Benjamin e Nilson Venâncio. Benjamin teria visto Félix Escobar sob custódia de agentes do DOI-CODI na 1º Companhia de Polícia do Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro.
Em relato que consta do livro Desaparecidos Políticos, de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa, Nilson Venâncio conta que soube por intermédio de outro preso político, José Carlos Moreira, que havia sido noticiada a morte por atropelamento de uma pessoa chamada Félix Escobar.
A documentação sobre o caso foi encaminhada por equipe de pesquisadores da extinta CNV, coordenada pelo historiador Eduardo Schnoor, à unidade temporária da Casa Civil da Presidência da República, criada por força do Decreto nº 8.378/2014, responsável pela organização do acervo resultante da conclusão dos trabalhos da CNV, a ser encaminhado ao Arquivo Nacional. Os documentos do acervo da CNV sobre o caso serão encaminhados à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), vinculada à Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a fim de que possa ser providenciada a retificação dos registros de óbito de Félix Escobar.
Familiares de Félix Escobar foram informados sobre o resultado das perícias e investigações e receberão na próxima semana toda documentação reunida pela CNV a respeito das circunstâncias do desaparecimento de Escobar.
Fonte – Comissão Nacional da Verdade