VW negocia reparação por ter apoiado a ditadura

Dirigente da matriz alemã da Volkswagen esteve no Brasil a pedido do MPF, que baseia ação nas investigações feitas pela Comissão Nacional da Verdade

A automobilística Volkswagen negocia judicialmente reparação por ter financiado e participado da repressão à oposição política e ao movimento operário durante a ditadura militar no Brasil. Dirigente da matriz do grupo esteve no Brasil a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que baseia ação nas investigações feitas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Seria a primeira empresa no Brasil a adotar tal medida.

Manfred Grieger, diretor do departamento de Comunicação Histórica do Grupo Volkswagen, disse ao jornal Estado de São Paulo que sua intenção era de entrar em contato com vítimas da ditadura militar brasileira e buscar mais informações sobre o relacionamento entre a Volkswagen do Brasil e as instituições brasileiras daquela época. “Foi o início de uma discussão sobre como chegar a um acordo a respeito dessa questão. Uma ideia é talvez desenvolver um conceito de memorial em conjunto com outras instituições brasileiras, como sindicatos, e colocá­lo em prática. Queremos continuar as discussões para explorar os prós e contras a respeito dos próximos passos”, disse o diretor à publicação paulista.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão do MPF em São Paulo, Pedro Antônio de Oliveira Machado, revelou, ainda segundo o Estadão, que deseja firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que o dinheiro da reparação seja depositado no Fundo de Interesses Difusos ou usado para a construção de um memorial ou museu sobre o período.

Machado tem em mãos documentos reunidos por dez centrais sindicais, associações, pesquisadores, por ex­integrantes da CNV e ex­operários da Volkswagen perseguidos pelo regime militar.

Os papéis foram entregues aos procuradores em setembro. Por meio de uma representação, eles pediam a abertura de um inquérito civil público a fim de que se apurasse “o quanto objetivamente contribuiu a Volkswagen do Brasil para a consecução das violações de direitos humanos noticiadas na representação”.

Os sindicalistas queriam ainda que o MPF apurasse o grau de participação do corpo dirigente da empresa em cada violação, em especial “aos crimes de tortura perpetrados no interior de suas plantas industriais” e a “colaboração com os órgãos de segurança estatal, unidades militares e organizações sindicais patronais”. Por fim, o grupo pediu que fossem investigados “benefícios obtidos pela empresa em razão da cumplicidade com o regime”.

Os sindicalistas relatam que a montadora doou Fuscas para o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2.º Exército. Há documentos com o carimbo da empresa que foram enviados ao Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops­SP) com detalhes sobre a atuação de operários, descritos como subversivos, em manifestações e greves.

 

 

Fonte – Cenário MT

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