Publicado originalmente em 11/09/2019 17h32
Ossos de três pessoas foram retirados de casa que foi de Alfredo Stroessner, que comandou o Paraguai entre 1954 a 1989.
Ossos de três pessoas foram encontrados em uma casa que pertenceu ao ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, em Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil. Segundo as investigações, as ossadas humanas podem ser de vítimas da ditadura paraguaia.
Atualmente, o imóvel é ocupado por barracas de moradores sem teto e o acesso é restrito. Para entrar, só com autorização de lideranças do movimento.
Membros da equipe Nacional para Investigação, que fazem buscas e identificação de pessoas detidas e desaparecidas no Paraguai, foram até o imóvel, retiraram as ossadas na terça-feira (10), e levaram para realização de exames em Assunção, a capital do Paraguai.
A casa do ex-ditador paraguaio está destruída. Segundo as autoridades paraguaias, o imóvel foi depredado por pessoas que entram no local para retirar e procurar objetos de valor.
Há várias escavações na casa. Foi abrindo um desses buracos, que uma dessas pessoas encontrou as ossadas humanas no fundo de um banheiro.
Três crânios e ossos de membros inferiores estavam embaixo do que já foi uma banheira.
Depois da medição, tudo foi separado. Uma peneira foi usada para identificar partes menores.
‘Casa do Terror’
De acordo com a Comissão, os ossos são de vítimas da ditadura paraguaia, que durou 35 anos, de 1954 a 1989. Essas pessoas podem ter sido mortas dentro da casa ou os corpos foram deixados ali.
A propriedade ganhou um apelido nada amigável por causa dos crimes cometidos por Stroessner
“Durante esse tempo, ele [ditador paraguaio] visitava este lugar e se ouviam gritos de pessoas, uivos, gente que suplicava pela vida. Por isso, chamaram essa casa de ‘a casa do terror!’”, explicou Rogelio Goiburu, que é membro da equipe nacional de buscas presos e desaparecidos.
Stroessner foi acusado de mandar matar 423 opositores do regime ditatorial e torturar quase 19 mil pessoas. Também foi acusado de casos de pedofilia, durante os 35 anos que ficou no poder.
O general tinha uma forte relação com o Brasil e especialmente com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Foi no governo dele que o Brasil fechou o acordo para a construção da Usina de Itaipu. Stroessner também estava no comando do Paraguai quando foi negociada e inaugurada a Ponte Internacional da Amizade.
O ditador morreu em 2006, exilado em uma casa em Brasília, aos 96 anos.
Para um dos membros da Comissão de Investigação, as lembranças são as piores possíveis. O pai dele foi morto pelo governo do ex-ditador.
“Meu pai foi vice-presidente do partido Colorado, que era a oposição de Stroessner. Ele foi sequestrado na Operação Condor, na Argentina, trazido ao Paraguai, torturado e assassinado. Até agora não encontramos seus restos mortais”, diz Rogelio Goiburu.
Fonte – G1