No ato de recordação das violações dos 60 anos do golpe militar, a Comissão de Anistia e dois colegiados da Câmara dos Deputados realizarão uma sessão especial em 3 de abril. Esta sessão culminará com a aprovação da condição de anistiada política da publicitária Clarice Herzog, que foi perseguida pelos militares devido à sua incansável busca por esclarecimentos sobre o assassinato de seu marido, o jornalista Vladimir Herzog.
A sessão terá lugar no auditório Nereu Ramos, o maior da Câmara, numa parceria com as comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos da casa. Este evento acontecerá durante o seminário “Lembrar para que nunca mais se repita”, em referência aos 60 anos do golpe. O autor do requerimento foi o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG).
Clarice Herzog iniciou uma mobilização incansável para esclarecer a morte de “VLado”, como era conhecido o jornalista, incomodando o regime em sua busca pela verdade e justiça.
Para o Estado, Herzog, que foi encontrado enforcado em sua cela, teria cometido suicídio. Entretanto, em 2013, a família obteve na Justiça a alteração em seu atestado de óbito, no qual deixou de constar “asfixia mecânica por enforcamento” como causa de morte, sendo substituída por “lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do 2º Exército (Doi-Codi)”.
Clarice nunca aceitou a versão oficial da morte de seu marido e prontamente denunciou: “mataram o Vlado”. Sua história e luta tornaram-se temas de filme, livro e até mesmo uma citação em “O bêbado e o equilibrista”, música de João Bosco e letra de Aldir Blanc, que se tornou um hino da anistia.