Comissão usará livros de visitas do Dops para apurar torturas

A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo quer utilizar os livros de visitas ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) para apurar o envolvimento de pessoas e entidades em torturas e mortes cometidas dentro daquele que era um dos principais órgãos da repressão da ditadura militar (1964-1985).

Ontem, a comissão apresentou, em sua primeira audiência pública, a linha de investigação que seguirá com os seis livros encontrados no Arquivo Público de São Paulo. “A gente está fazendo cruzamentos de datas de entradas de vários outros com a informação de quem pode ter sido preso e torturado lá”, afirma Ivan Seixas, coordenador da comissão.

Uma das primeiras investigações será verificar o registro da presença do cônsul dos Estados Unidos em São Paulo de 1971 a 1974, Claris Rowney Halliwell (1918-2006), nas dependências do Dops no dia 5 de abril de 1971, quando foi preso o militante do MRT (Movimento Revolucionário Tiradantes) Devanir José de Carvalho.

De acordo com Seixas, Devanir foi morto dois dias depois dentro do Dops após longas sessões de torturas. Oficialmente, ele foi morto por resistência à prisão. Entre 1971 e 1972, Halliwell foi 34 vezes ao prédio do Dops.

O consulado já informou que não tem registro de ex-funcionários e não respondeu qual seria o motivo das visitas de Halliwell ao Dops.

 

Fonte – Folhapress

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