Assim como São Paulo, Fortaleza também foi palco de manifestações políticas pela luta da democracia
Exercício considerado natural por parte do povo brasileiro hoje em dia, o direito de escolher o presidente da República nem sempre foi garantido para a população. Diante do fim de um dos períodos mais tristes da história do Brasil, a Ditadura Militar (1964-1985), multidões tomaram as ruas do País com um objetivo em mente: voltar a eleger o próprio governante. Há 35 anos, foi organizado o primeiro grande comício da campanha pelas Diretas Já, a qual pedia a volta da democracia.
No dia 25 de janeiro de 1984, um grande evento foi realizado na Praça da Sé, na cidade São Paulo – que comemorava ali seus 430 anos de história. Fato curioso: o acontecimento que reuniu milhares de pessoas foi noticiado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, como se fosse apenas uma celebração de aniversário.
Um dos principais centros econômicos da América Latina, a capital paulista serviu ali de inspiração para que outras cidades brasileiras também se rebelassem contra o regime vigente. Exemplo de Fortaleza, que naquele mesmo dia contou com grupo do MDB promovendo espécie de plebiscito pelo Centro da Cidade.
Com urnas posicionadas estrategicamente em praças, as cédulas de votação perguntavam: “Você quer votar para presidente?”
Com o Brasil vivendo há 20 anos sob repressão e perseguição militar era fácil saber qual resposta seria dada. No entanto, a consulta não pretendia simplesmente saber das opiniões. O objetivo maior era divulgar o comício que estava marcado para três dias depois, em 28 de janeiro.
Na ocasião, a Praça José de Alencar foi palco de discursos firmes e acalorados de nomes como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro e Luiz Inácio Lula da Silva. O evento contou com público de aproximadamente 30 mil pessoas, que prestigiaram apresentações artísticas e falas eloquentes contra a Ditadura.
Tempo depois, em 25 de abril, a emenda Dante de Oliveira, que decidiria sobre o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República, foi derrubada em votação na Câmara dos Deputados.
Ainda assim, o movimento das Diretas Já abalou o já combalido regime. No dia 15 de janeiro seguinte, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves como novo presidente do País. Findava-se a Ditadura e renascia a Democracia.
Fonte – O POVO