É Tudo Verdade premia documentários sobre ditadura e direitos humanos

Publicado originalmente em 05/10/2020

“Libelu – Abaixo a Ditadura”, de Diógenes Muniz, foi o vencedor da competição

O documentário “Libelu – Abaixo a Ditadura”, de Diógenes Muniz, foi o vencedor da competição de longas brasileiros do festival É Tudo Verdade, o mais importante do gênero documental no Brasil. Os prêmios foram entregues, neste domingo (4), em uma cerimônia online.

Aqui, o longa trata da Libelu, organização política de estudantes contra o regime militar, que surgiu em 1976 e extinta em 1985.

Já a menção honrosa foi dada para dois longas “Segredos de Putumayo”, de Aurélio Michiles, sobre Roger Casement (1864-1916) que é considerado o pai dos inquéritos sobre a violação de direitos humanos, e “Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil”, de Carol Benjamin, que trata de três gerações de uma família que passou pela ditadura civil-militar brasileira.

Na competição internacional, o vencedor foi o longa “Colectiv”, de Alexander Nananu, que aborda a corrupção no sistema de saúde da Romênia que foi descoberto por jornalistas e é costurado a partir de um incêndio em uma boate que causou a morte de 37 pessoas.

Nesta categoria, a menção honrosa foi para “O Espião”, de Maite Alberdi, que trata de um homem que é convidado a interpretar um espião que precisa se infiltrar num asilo onde, supostamente, um residente está sofrendo maus-tratos.

Entre os curtas, os premiados foram o brasileiro “Filhas de Lavadeiras”, de Edileuza Penha de Souza. A obra narra histórias de negras que, graças ao trabalho árduo de suas mães, puderam ir para a escola e refazer os caminhos trilhados por suas antecessoras.

O polonês “Meu País Tão Lindo”, de Grzegorz Paprzycki, foi eleito o melhor curta-metragem internacional. O filme fala de duas forças que representam visões de mundo diferentes: a perspectiva esquerdista de país contra a Polônia homogeneizada construída pela extrema direita.

Os quatro vencedores da 25ª edição do festival, “Libelu – Abaixo a Ditadura”, “Colectiv”, “Filhas de Lavadeira” e “Meu País Tão Lindo” estão automaticamente qualificados para tentar uma vaga no Oscar nas categorias de melhor longa e melhor curta documental.

Durante a cerimônia, os diretores de filmes que participaram do festival apresentaram um manifesto contra os rumos da política cultural no país e o abandono da Cinemateca Brasileira.

“O governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro age, desde o início, para atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte seu ofício”, disseram. “A atividade audiovisual está paralisada, desde março de 2019, com a suspensão de todos os recursos públicos de filmes e séries, que tem provocado uma taxa crescente de desemprego e a ameaça de paralisia total do setor”.

Fonte – FolhaPress/jcnet