Argentina: Filho de desaparecidos em ditadura é secretário de direitos humanos

Juan Martín Fresneda, que presenciou prisão de seus pais em julho de 1977, assume no lugar de Eduardo Luis Duhalde

Juan Martín Fresneda, filho de desaparecidos durante a ditadura argentina (1976-83), foi designado secretário de Direitos Humanos pela presidenta Cristina Kirchner, informou nesta terça-feira o Boletim Oficial. “Foi designado secretário de Direitos Humanos do Ministério de Justiça Juan Martón Fresneda” em substituição a Eduardo Luis Duhalde, morto em 3 de abril, indicou o comunicado.

Fresneda, um advogado de 36 anos, era titular das Anses (Administração Nacional da Segurança Social) da Província de Córdoba (centro), e é um dos fundadores da organização humanitária FILHOS do distrito, integrada por herdeiros de desaparecidos durante o regime.

Seus pais, Tomás Fresneda e María Argañaraz, foram sequestrados em julho de 1977 na cidade de Mar del Plata (400 km ao sul de Buenos Aires) e, no momento do sequestro, ela estava grávida de cinco meses. O agora funcionário presenciou juntamente com seu irmão o prisão de seus pais.

A organização humanitária Avós da Praça de Maio identificou 104 filhos de desaparecidos roubados após o sequestro de seus pais. A organização estima que cerca de 500 foram afastados de suas respectivas famílias naquela época.

Fresneda assumiu o cargo na tarde desta terça-feira durante uma cerimônia na Casa Rosada (governo) liderada por Cristina. Trata-se de uma função chave para o governo argentino que impulsiona muitas das dezenas de causas judiciais em andamento por crimes contra a humanidade.

Cerca de 30 mil opositores desapareceram na Argentina durante a ditadura, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

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