Comissão da Verdade deve resgatar dignidade de perseguidos políticos

A Comissão da Verdade, instalada para apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, deverá resgatar a dignidade de pessoas que foram perseguidas durante o regime militar, assim como seus familiares.

A opinião é do secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Pedro Gontijo.

Em entrevista ao JS, Gontijo falou sobre as expectativas sobre a atuação da Comissão, que terá prazo de até dois anos para concluir os trabalhos, e destacou a atuação da Igreja Católica pelo respeito aos direitos humanos no período da ditadura militar.

“Na verdade, no trabalho que a Igreja fazia na época, e mesmo no que ela se engajar nesse processo é de profetismo, porque a dignidade de muitas pessoas que não se tem informações poderá ser garantida”, afirmou.

Para o representante da CBJP, o ônus que a Igreja pagou no período da ditadura militar por defender a liberdade e os direitos humanos está relacionado o compromisso com o Evangelho, levando à perseguição de muitos leigos e religiosos.

Atuação unificada

Um dos aspectos que chamaram a atenção na cerimônia de instalação da Comissão da Verdade, no dia 16 de maio, foi a presença dos ex-presidentes civis que sucederam o período da ditadura militar.

“Foi algo que tem um simbolismo ímpar, ou seja, para além das divergências partidárias, ideológicas, econômicas, diversas que podem existir entre a atual presidente e talvez cada um dos outros presidentes”, destacou Pedro Gontijo.

Na cerimônia, a presidente Dilma Rousseff apresentou os sete integrantes da Comissão, como pessoas de competência reconhecida e com capacidade de entender a dimensão do trabalho que vão executar.

Para Pedro Gontijo, o legado que todo esse trabalho deixará será de uma cultura que valorizará os direitos humanos, promovendo a paz, levando o resgate da memória e da verdade à população, com ênfase no diálogo entre as várias forças da sociedade. “Então, contribuir para que hoje ainda se continue a resgatar a história é algo muito importante para a nossa prática, para a nossa ação na sociedade brasileira”, concluiu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *