Ex-presa política critica Rio por demora na reparação de vítimas da ditadura

Crítica acontece em cerimônia de desculpas; governo paga indenizações

A cerimônia de reparação dos presos políticos da ditadura, promovida pelo governo do Rio, nesta segunda-feira (4), no Ginásio Caio Martins, em Niterói, na região metropolitana, foi marcada por lembranças dos perseguidos, mas também por críticas. A solenidade foi organizada para ser um pedido de desculpas formal do Estado aos que foram vítimas da violação de direitos humanos. No entanto, a demora do Rio na reparação de presos e torturados no regime militar foi alvo de reclamação.

Durante seu discurso, a ex-presa política Ana Miranda disse acreditar que o governo do Estado não reconhece devidamente o direito das vítimas e da sociedade de ter acesso à verdade, à memória e à justiça.

– Essa comissão foi formada em 2004. Nós estamos em 2012 e ainda restam de 150 a 200 indenizações a pagar. O grupo também não conseguiu terminar de analisar os 1.114 pedidos de reparação abertos. Além disso, o Estado nunca deu outra chance de que outras pessoas busquem esse direito.

Ana conta que a Comissão Especial de Reparação, formada por integrantes de várias entidades da sociedade civil organizada, parou de funcionar durante três anos. De acordo com ela, durante esse período, embora tenha protocolado vários pedidos, nunca foi recebida pelo governador Sérgio Cabral.

Ainda segundo Ana Miranda, os ex-presos e seus familiares nunca foram procurados para que houvesse um agendamento do pagamento das indenizações, embora estivessem dispostos a aceitar inclusive um parcelamento.

Ana Miranda, que hoje é militante dos direitos humanos, foi presa quatro vezes em três Estados: São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. De acordo com ela, a reparação fluminense foi a última a chegar.

Apesar das queixas, ela elogiou a iniciativa do governo do Rio em promover a cerimônia, que ela diz acreditar ser um rito de passagem importante. O Ginásio Caio Martins foi o local escolhido para a solenidade por ter sido transformado em local de detenção durante o regime ditatorial.

Ao todo, foram entregues 120 cartas com pedido de desculpas oficial do governo do Rio. Na lista dos reparados está a presidente Dilma Rousseff, que foi presa e torturada. Ao saber que seria indenizada, ela afirmou que doaria a quantia de R$ 20 mil para grupos que lutam em prol dos direitos humanos. Nenhum representante da presidente compareceu ao evento.

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