O evento teve início com a apresentação do projeto de pesquisa “Outras Histórias da Ditadura Cívil-Militar no Piauí”.
O campus de Parnaíba da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) realizou o II Seminário em Defesa da Memória, Verdade e Justiça: pela Abertura dos Arquivos da Ditadura. O evento aconteceu no auditório da instituição no último dia 6 de junho e teve início com a apresentação do projeto de pesquisa “Outras Histórias da Ditadura Cívil-Militar no Piauí”.
Segundo os membros do Grupo de Estudos Marxistas Piauiense, responsáveis pelos debates, o evento é uma forma para destacar a luta pela memória daqueles que foram “silenciados”, mortos e/ou torturados durante o regime militar. “Emocionante, esse foi o tom do seminário”, afirmou um dos organizadores do evento, Roberto Kennedy Gomes Franco, professor do Curso de História da Uespi de Parnaíba.
O seminário trouxe ao debate possíveis outras histórias da ditadura entre os anos de 1964 e 1988, conforme explicou a Tânia Serra Azul Machado Bezerra, professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e que também faz parte da organização do evento.
Estiveram presentes Raimundo Costa e Maria Olímpia Costa, irmãos do parnaibano Antônio de Pádua, morto na guerrilha do Araguaia, em 1974. Foram exibidas fotos e detalhes da vida e morte de Antônio.
Também participaram na segunda etapa do seminário, Antônio de Damião de Sousa, trabalhador rural, membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Maior, recentemente anistiado. “Fui judiado, torturado e quase assassinado quando me amarram e fui jogado dentro do rio Poti, em Teresina, na era da ditadura”, afirmou Damião, que ainda contou das perseguições e fuga para os Estados Unidos com o apoio da Igreja Católica.
Como convidada e palestrante do evento, Maria do Carmo Moreira Serra Azul, que hoje é Economista e Auditora Fiscal do Estado do Ceará, falou da sua luta durante a ditadura, quando organizou a “Revolta das Saias”, no Ceará. Esse ato foi considerada a maior manifestação feminina da América Latina na época.
Maria do Carmo foi Diretora do CESC-Centro dos Estudantes Secundaristas do Ceará e Militante de AP-Ação Popular e no Seminário debateu as torturas que sofreu, as consequências do golpe civil-militar de 1964 para sua geração. Como economista, ela fez uma análise crítica de conjuntura das relações político-econômicas do Brasil nas últimas décadas, contextualizou os limites e possibilidades da comissão da verdade instaurada pelo Governo Federal em 2012, entre outras reflexões.
Para os organizadores, o evento simboliza a conquista da luta de muitos brasileiros que se mobilizaram pela punição dos crimes cometidos durante a ditadura civil-militar. Em todo o Brasil têm sido criados Comitês em nome da Memória, Verdade e Justiça. Na cidade de Parnaíba, por iniciativa do Grupo de Estudos Marxista Piauiense – GEMPI, o Comitê foi criado dia 22/05/2012, nas dependências da Universidade Estadual do Piauí.